O vírus pertence a mesma família do ebola
Por Rafael Vazquez, Valor — São Paulo
15/02/2023 15h07 Atualizado há 20 horas
O governo de Guiné Equatorial, país localizado na África Ocidental, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmaram nesta semana a ocorrência de um surto do vírus de Marburg responsável por pelo menos nove mortes na província de Kie-Ntem, região próxima à fronteira com Camarões, onde dois casos também já foram confirmados.
O fato motivou o envio de equipes de emergência para isolar as áreas e as pessoas que tiveram contato com os contaminados.
Identificado pela primeira vez em 1967 em um laboratório na cidade alemã de Marburg, daí a origem do nome, o vírus pertence a mesma família do ebola. É como se fosse um primo distante, mas que pode ser tão letal quanto. Segundo a OMS, a taxa de mortalidade do vírus de Marburg é de 88% — a do ebola chega a 90% em algumas epidemias.
Os sintomas também são parecidos. Os mais comuns detectados no vírus de Marburg são:
- Febre alta;
- Dor de cabeça,
- Dores musculares,
- Diarreia,
- Vômito com sangue;
- Em alguns casos, hemorragias internas.
A doença tende a causar a falência múltipla de órgãos.
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Partículas do vírus de Marburg (amarelo), brotando e aderidas à superfície das células — Foto: NIAID/Wikimedia Commons
A contaminação inicial, segundo a OMS, acontece pelo contato de humanos com morcegos que se alimentam de frutas. A partir daí, a transmissão também ocorre entre seres humanos por meio de fluídos corporais ou através de superfícies e materiais infectados.
Não há medicamentos próprios ou vacina contra o vírus de Marburg.
Por que não deve virar uma pandemia
Diante da letalidade da doença e da confirmação do surto em Guiné Equatorial e Camarões, surge naturalmente a preocupação de que o vírus de Marburg se espalhe para mais países. Contudo, na avaliação de especialistas, é improvável que isso aconteça tanto no Brasil quanto em países distantes da África Ocidental.
Um dos motivos é a agressividade do vírus, que causa sintomas visíveis com alto potencial de matar o hospedeiro em pouco tempo.
Além disso, ao contrário da covid-19, por exemplo, as pessoas contaminadas não ficam assintomáticas, o que reduz a possibilidade do indivíduo circular e contaminar um grande número de pessoas.
Apesar da orientação para evitar alarmismo no mundo, a OMS monitora a situação nos dois países africanos.
Fonte: Valor Econômico