07/08/2022 – Jornalista: Altamiro Silva Junior, Aramis Merki II, Bruna Camargo, Circe Bonatelli e Cynthia Decloedt
Caso se confirme que os juros ficarão acima de dois dígitos por mais tempo, como prevê o mercado em relação às taxas de longo prazo, as empresas começarão a sofrer de maneira mais séria.
Se até agora os grandes grupos estão bem estruturados, caso essa realidade se estenda, eles serão obrigados a vender ativos e a cancelar projetos de expansão. A taxa DI para 2028, por exemplo, que mostra como o mercado vê os juros para aquele ano, está sendo negociada acima de 12%. Seriam sete anos de juros em dois dígitos. Sem a opção de captarem recursos na Bolsa ou no exterior, a renda fixa é um dos poucos caminhos abertos às empresas para levantar dinheiro.
Companhias estão mais capitalizadas As boas companhias têm surfado relativamente bem, mesmo com o salto da Selic de 2% para perto de 14%. Entraram na crise com baixo endividamento e caixa. Mas quem está emitindo papéis no mercado de renda fixa já está pagando bem mais caro.
Custo de captação foi de 4,5% para 15% Para se ter uma ideia do quanto as empresas estão pagando a mais após o avanço dos juros, basta olhar o índice da gestora JGP, que agrega quase 300 debêntures de cerca 153 emissores com rating médio AA e que atualmente mostra um custo de 15%, contra 4,5% em agosto do ano passado.
SEM CHANCE.
Os profissionais que trabalham no mercado de dívida dizem que essa equação não se sustentará indefinidamente se o custo de refinanciamento permanecer elevado por muito tempo. Isso quer dizer que até mesmo o mercado de renda fixa pode se fechar para as empresas que precisam captar recursos.
SECOU.
Entre outros motivos, o custo de endividamento elevado tende a comprometer os números de balanço de várias delas. Com juros em dois dígitos por muito tempo, será difícil o retorno de algum projeto compensar. Somada à perspectiva de que o mercado de ações seguirá restrito por mais alguns meses, o cenário de potencial fechamento também do mercado de renda fixa tem preocupado a Faria Lima.
ÁGUA NO PESCOÇO.
As empresas fora do grupo das menos endividadas já estão sentindo na pele esse impacto. No cenário do juro, da crise global e das eleições presidenciais, os investidores já estão pedindo prêmio maior para comprar papéis dessas companhias.
Fonte: O Estado de S.Paulo

