O desempenho das principais empresas familiares listadas em bolsa superou o das não familiares no Brasil nos últimos 12 anos, segundo levantamento feito pelo Morgan Stanley para o Valor.
Partindo de uma base 100 em setembro de 2013, as dez maiores companhias controladas por famílias chegaram a igual mês deste ano valendo 219, enquanto as não familiares ficaram em 209. As curvas são parecidas e há momentos em que os resultados se invertem, mas o desenho dá pistas sobre a resiliência das empresas “de dono” em um país com histórico de juros altos e ambiente econômico difícil, afirma o presidente local do Morgan Stanley, Alessandro Zema.
As dez maiores companhias familiares na amostra são Itaú Unibanco, Weg, Itaúsa, Rede D’Or, Suzano, Localiza, Porto Seguro, Gerdau, Raia Drogasil e Motiva (antiga CCR). As não familiares são Petrobras, Vale, Banco do Brasil, Eletrobras, Santander, Telefonica, Sabesp, BB Seguridade, Embraer e TIM. O levantamento exclui Nubank, BTG Pactual, Ambev e Bradesco, consideradas empresas híbridas ou nas quais o componente familiar já não é preponderante.
“A gente tem um custo-país muito alto, um emaranhado tributário, impostos corporativos altos, e com isso tem um percentual de empresas familiares no Brasil que é muito maior do que a gente vê em mercados desenvolvidos”, diz Zema, que se descreve um “curioso” que estuda o assunto parte por trabalho, parte por causa de sua origem familiar.
O executivo vê nos empresários brasileiros a habilidade de enfrentar crises e cenários adversos. Aqueles que combinam essa experiência com a capacidade de entender o legado, inovar e compreender como se posicionam em seu setor são os que, segundo ele, conseguem se perenizar.
De acordo com o presidente do Morgan Stanley, 44% das cem maiores empresas brasileiras são familiares – um contraste com os 12% da Europa ou 10% dos Estados Unidos (onde há uma cultura das chamadas “true corporations”, corporações sem controlador definido ou acionistas de referência).
Zema considera positivo que a família se envolva nos negócios, e não necessariamente apenas no conselho de administração. Ao mesmo tempo, afirma notar uma melhora na governança das companhias brasileiras. “Já houve exemplos de empresas em que o conselho tinha só nome bonito, mas ninguém que entendia daquela indústria. O risco de ver isso acontecendo hoje é bem menor.”
Fonte: Valor Econômico

