Por Bloomberg
17/10/2022 15h22 Atualizado há 18 horas
A maior resistência das moedas de mercados emergentes diante da força do dólar chama a atenção de gestores, do Citigroup ao Goldman Sachs. A valorização da moeda americana para recordes sucessivos no mercado de câmbio internacional mergulhou moedas em todo o mundo em uma espiral de queda. Mas um exame mais cuidadoso mostra que o indicador de referência para as taxas de câmbio dos países emergentes registra apenas metade das perdas observadas nas nações ricas.
Esse desempenho superior continua mesmo quando os preços das commodities — principal pilar de nações em desenvolvimento — estão em baixa.
“Nos últimos dois meses, os preços das commodities tiveram uma reversão em relação aos níveis vistos no início do ano, mas os produtores de commodities ainda tiveram um desempenho relativamente bom em comparação com a zona do euro ou o G10”, disse Dirk Willer, chefe de estratégia de mercados emergentes do Citigroup. “É um pouco intrigante.”
O sucesso dos países em desenvolvimento em resistir a parte da volatilidade ligada ao aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) põe em cheque a suposição de que eles serão o epicentro de qualquer colapso do mercado impulsionado por juros mais altos nos EUA. Na realidade, grande parte da turbulência ocorre no Reino Unido e na Europa, enquanto as moedas de países como Brasil e México atraem investidores com rendimentos altos, que resultam de alguns dos apertos monetários mais agressivos do mundo.
“Vemos nos mercados desenvolvidos as mesmas forças com as quais os mercados emergentes lutaram nas últimas décadas — pressões inflacionárias e déficits fiscais”, disse Simon Harvey, chefe de análise cambial da Monex Europe em Londres. “Com toda essa volatilidade, você é obrigado a buscar retornos mais altos, e você acha isso nos mercados emergentes.”
Um rali de commodities até 9 de junho ajudou o indicador de referência da MSCI para moedas de países em desenvolvimento limitar sua queda a 2,5%, enquanto o indicador para países desenvolvidos recuou 7,4%. Desde então, as matérias-primas caíram, mas os mercados emergentes ainda superaram os países do G7 em dois pontos percentuais.
Ao todo, das 23 moedas de emergentes monitoradas pela Bloomberg, 21 superaram a libra, 19 superaram o euro e todas tiveram um desempenho melhor do que o iene japonês.
Fonte: Valor Econômico

