Consultoria busca pesquisas científicas que utilizam insumos de biomas como Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica e têm potencial para serem usados pela indústria
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- Carol Firmino
27 Set 2022 – 06h00 Atualizado em 27 Set 2022 – 06h00

Como uma expansão do mapeamento realizado na Amazônia em 2021, o Emerge Biodiversidade foi lançado em agosto para encontrar tecnologias que utilizam insumos de outros biomas brasileiros – Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Amazônia Azul.
A Emerge é uma consultoria de inovação especializada em deep techs e, desde 2017, faz o trabalho de prospectar, estruturar e transferir tecnologias de centros de pesquisa para a indústria a fim de impulsionar na prática a inovação das organizações.
Lucas Delgado, diretor de Projetos e Novos Negócios da Emerge, explica que, durante o Emerge Amazônia – considerado o projeto piloto -, houve a percepção de que havia um potencial de tecnologias e pesquisas relacionadas a outros biomas brasileiros para serem investigadas, daí surgiu o Emerge Biodiversidade. saiba mais
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Segundo a empresa, o desmatamento, as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade ameaçam o equilíbrio do planeta. Por isso, garantir a exploração responsável do meio ambiente, com desenvolvimento socioeconômico e geração de riqueza baseados na preservação, se torna tão importante.
Para viabilizar a integração entre ciência e mercado no Emerge Biodiversidade, a organização conta com a parceria das empresas Aché, Braskem, Grupo Boticário e Ourofino Saúde Animal, que oferecerão um investimento de R$ 1 milhão para até cinco tecnologias selecionadas.
Emerge Biodiversidade
A fase atual do projeto, que segue até início de outubro, já mapeou 241 tecnologias para as áreas de saúde e fármacos (72); saúde animal (53); cosméticos e perfumaria (72); e químicos renováveis e novos materiais (44).
“A gente faz uma busca nos artigos em bases científicas e seleciona os pesquisadores para entrar em contato. Então, explicamos o projeto, reunimos os grupos para alinhar expectativas e aí convidamos essas pessoas a inscreverem a sua tecnologia. Pedimos uma série de informações, mas elas ficam confidenciais. Dessa vez, foram mais de 10 mil contatos para entender se há mesmo uma tecnologia ali e se o pesquisador e a equipe têm vontade de participar”, descreve Delgado.
No momento, as 241 tecnologias estão sendo analisadas pela consultoria da Emerge junto às empresas parceiras. Na fase 2, todas as selecionadas apresentarão seus business cases e receberão feedback; só então as cinco escolhidas terão a oportunidade de fundar a startup e receber o aporte finaceiro. Além disso, haverá acompanhamento para garantir que haja novas rodadas de investimento, parcerias ou a venda da tecnologia.
Mudanças
O diretor destaca que uma das principais diferenças entre o Emerge Amazônia e o Biodiversidade é que, no programa pioneiro, todas as equipes precisavam começar sua staturp, agora é possível manter apenas uma parceria com as empresas.
Além disso, ele pondera a questão da maturidade da tecnologia: “O mais importante não é que ela já esteja madura, mas saber se suporta um modelo de negócio, mesmo que precise evoluir. Às vezes, algo é tão específico, que vai gerar valor para o mercado, para a empresa, para a universidade, mas o melhor modelo de transferência pode não ser criar uma startup, e sim licenciar essa tecnologia”, argumenta.
Propósito
Lucas Delgado reforça que o propósito do projeto é mostrar que “a floresta e a biodiversidade são mais valiosas em pé do que deitadas”, diz. Para ele, a pauta deve ir além das questões ambientais ou sociais e mostrar que é possível “manter o valor socioambiental e gerar valor econômico”, completa.
A questão que deve ser colocada é: “É melhor matar essas ávores e colocar 1m² de soja ou tirar das plantas uma molécula que vai desenvolver um medicamento para tratar boi e valer bilhões de dólares em 10 anos?”.
“A biodiversidade como ativo deve ser a aposta do Brasil para se colocar no mapa da inovação”, conclui.
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Fonte: Epoca Negócios