Após a mudança clara na comunicação do Banco Central feita ontem, o diretor de política econômica, Diogo Guillen, também mostrou preocupação com a evolução do cenário e reforçou a possibilidade de uma desaceleração no ritmo de flexibilização da política monetária em eventos privados em Washington nesta quinta-feira.
Fontes ouvidas pelo Valor relatam que Guillen também abordou os quatro cenários que já haviam sido citados pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, no dia anterior. Ele, porém, fez ligação com um dos pontos elencados pela ata da decisão de março do Copom, no parágrafo 23, que relatou que alguns membros do colegiado argumentaram que um ritmo mais lento de distensão monetária pode ser apropriado se a incerteza permanecer elevada.
Essa colocação foi feita nos dois eventos privados em que Guillen esteve nesta quinta-feira: um organizado pelo Barclays e outro, pelo Itaú BBA.
A ligação com a ata levou alguns participantes do mercado ouvidos pelo Valor a interpretarem o discurso do dirigente como um pouco menos “hawkish” que o de Campos Neto no dia anterior, já que estaria dentro da comunicação oficial desde antes, e que, assim, um corte de 0,5 ponto ainda estaria sobre a mesa. No entanto, a percepção dominante entre agentes que estão em Washington foi de que, se a reunião do Copom fosse hoje, o cenário mais provável seria o de uma redução de 0,25 ponto na Selic.
Em um dos eventos, Guillen pareceu preocupado com a conjuntura econômica e inclusive revelou ter sido um dos membros do Copom a questionar se um “soft landing” (pouso suave da economia) ocorreria nos EUA — uma preocupação que tem se materializado recentemente.
Segundo um dos presentes em uma das reuniões com o diretor, Guillen ainda abordou a possibilidade de revisitar as contas de juro neutro da autoridade monetária uma vez por ano e indicou que isso poderia acontecer no Relatório de Inflação (RI) de junho.
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O diretor de política econômica do BC, Diogo Guillen — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Fonte: Valor Econômico

