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A trajetória de alta do dólar no exterior pode ter um impulso considerável com uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas, diante da perspectiva de menos regulações e de menos impostos, dizem analistas. Uma vitória de Kamala Harris, por sua vez, pode resultar na queda do dólar no curto prazo, mas os efeitos seriam menores que os vistos em uma eventual vitória do republicano.
Caso ocorra um “red sweep”, com uma vitória de Trump na disputa pela Casa Branca e maioria republicana tanto na Câmara quanto no Senado, o efeito da alta do dólar pode ser amplificado, ainda que seja difícil dizer o quanto, na avaliação do estrategista-chefe de câmbio do Jefferies, Brad Bechtel, ao Valor.
“O mercado de câmbio está se protegendo, mas não necessariamente se posicionando para uma vitória de Trump”, diz Bechtel. Para ele, os impactos de alta no dólar com uma vitória de Trump seriam muito mais acentuados do que os potenciais efeitos negativos na moeda americana com a eleição de Kamala. Na semana passada, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de outras seis moedas fortes, chegou a ultrapassar o nível dos 104 pontos e, ontem, terminou o dia em 103,90 pontos.
O mercado de câmbio está se protegendo, mas não necessariamente se posicionando para vitória de Trump”
Bechtel vê o índice DXY chegando a 110 pontos no próximo ano com Trump na Casa Branca, ao mesmo tempo em que projeta o indicador a 98 pontos em um cenário com vitória de Kamala. O estrategista lembra que o DXY ficou entre 100 e 105 pontos nos últimos dois anos e que a oscilação do indicador costuma ser gradual, ao se levar em consideração que se trata do comportamento de moedas de baixa volatilidade, como o euro, o iene e a libra.
“Os mercados de câmbio são monogâmicos, focando em um tema de cada vez”, dizem os estrategistas de câmbio da TD Securities, Jayati Bharadwaj e Mark McCormick, em relatório. Assim, outras questões, como os estímulos econômicos da China e a decisão de juros do Federal Reserve (Fed), ficarão em segundo plano até que as eleições estejam concluídas.
Bharadwaj e McCormick apontam que uma vitória republicana no Congresso e na Casa Branca acenderia memórias do “excepcionalismo” dos Estados Unidos, uma ideia de que o país tem características únicas, ancorado por tarifas, cortes de impostos, desregulamentação e impactos negativos nas perspectivas para a economia da zona do euro e da China.
Já o estrategista de câmbio Michael Cahill, do Goldman Sachs, afirma que as tarifas têm uma influência direta nas taxas de câmbio, então esse deve ser o foco desse mercado em diferentes cenários eleitorais. “Esperamos que a resposta mais forte do dólar venha de uma vitória republicana ‘completa’, o que abriria as portas para maiores aumentos de tarifas em combinação com cortes de impostos domésticos. Esperamos uma recuperação menor e mais estreita do dólar em resposta a um governo republicano dividido.”
Por outro lado, uma vitória “completa” democrata (“blue sweep”) ou um governo democrata dividido provavelmente resultaria em alguma queda inicial do dólar, à medida que os mercados reprecificam a perspectiva de mudanças mais drásticas nas tarifas, diz.
Para Bharadwaj e McCormick, da TD Securities, mesmo que a perspectiva a curto prazo para o dólar seja mais forte com Trump, uma vitória de Kamala não necessariamente resultaria em uma queda acentuada. “Os dados atualmente favorecem o dólar, independentemente de quem vencer.”
Fonte: Valor Econômico

