1 Nov 2022 JULIANA ESTIGARRÍBIA
Com a eleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para governador de São Paulo, a eventual privatização da Sabesp ganha força no mercado. No entanto, analistas apontam desafios como formato da operação, tempo para conclusão do processo e relações com o Legislativo.
Apesar da projeção do mercado em relação ao potencial de ganhos de eficiência com uma eventual privatização, o analista da Mirae Asset Pedro Galdi pondera que, por ora, só há especulações sobre o processo. “Tarcísio citou que irá avaliar se a privatização é factível, mas, por enquanto, é só uma especulação. O processo não é simples”, advertiu.
LEGISLATIVO. O analista de pesquisa da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, salienta que a relação de Freitas com a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) será crucial para que o processo vá adiante.
“Precisamos entender qual será o trato do Tarcísio com a Assembleia, e isso vai mostrar como o processo pode ser feito”, analisa. A composição da Alesp, porém, é majoritariamente favorável ao candidato eleito no segundo turno, no último domingo.
Arbetman lembra que o próprio governo do Estado já havia anunciado a contratação de uma consultoria para avaliar qual seria o melhor modelo para a privatização da empresa de saneamento. “Esse processo vai começar de dentro para fora, seja a partir desses estudos ou da contratação de novos estudos”, disse.
O analista acredita que o processo de privatização, se ocorrer, não será muito rápido. “Vemos complexidade, e isso faz com que a privatização possa ficar para a segunda metade do mandato. As vias para que o processo seja feito não estão claras e não devem ser definidas no começo do governo, esperamos que ganhe musculatura só com o tempo”, ressaltou.
Os analistas Francisco Navarrete, João Fagundes e André Silveira escreveram, em relatório do banco de investimentos Bradesco BBI que o resultado da eleição “favorece muito as chances de a Sabesp ser privatizada”. Eles ponderam, porém, que o tempo, a complexidade e as negociações políticas necessárias provavelmente levarão a uma conclusão do processo para meados de 2024 a 2025.
EFEITO ELETROBRAS. Na visão dos analistas, a privatização da Sabesp pode ser positiva, assim como foi a da Eletrobras, processo que mostrou “que benefícios econômicos/sociais substanciais podem ser extraídos para a população e acionistas em geral”.
Eles apontam que, para vender a Sabesp, entre os principais desafios está a decisão sobre o formato. “Provavelmente, poderá ser via aumento de capital, diluindo a participação de 50,3% do governo (estadual)”, estimam. “São Paulo poderia manter a atual regulamentação estadual de teto de preços e também manter inalterada a duração das concessões da Sabesp.”
Os analistas Antonio Junqueira e Guilherme Bosso apontam, em relatório do Citi, que o estudo de privatização da empresa de saneamento pelo novo governo de São Paulo deve buscar maior investimento, rapidez na universalização dos serviços e redução das tarifas.
“Há anos, a Sabesp é uma empresa difícil de carregar. Dividendos e ROIC (retorno sobre o investimento) baixos e ROE (retorno sobre equity) abaixo do custo de oportunidade.”
Em relatório, os analistas Carolina Carneiro e Rafael Nagano, do Credit Suisse, disseram que o cenário é de oportunidades na Sabesp. “Esperamos mais eficiência de custos, implementação da nova estrutura tarifária proposta em 2021 e que provavelmente os estudos de privatização avancem.” •
“Vemos complexidade. Isso faz com que privatização possa ficar para a segunda metade do mandato” – Ilan Arbetman – Analista da Ativa Investimentos
Fonte: O Estado de S. Paulo

