Por Valor — São Paulo
11/04/2024 14h34 Atualizado há 12 horas
A economia global enfrenta uma década de “crescimento fraco” e “descontentamento popular” apesar de evitar uma recessão muito temida, alertou nesta quinta-feira (11) a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, durante um discurso no Atlantic Council.
“A realidade preocupante é que a atividade global está fraca em comparação com padrões históricos e as perspectivas de crescimento têm desacelerado desde a crise financeira global”, disse Georgieva.
Segundo ela, “a inflação não foi totalmente derrotada, as reservas orçamentárias foram esgotadas e a dívida aumentou, representando um grande desafio para as finanças públicas em muitos países”.
Combater os elevados níveis de dívida seria difícil num ano em que há um número recorde de eleições pelo mundo e num momento de maior ansiedade “devido à incerteza excepcional e a anos de choques”, disse ela, acrescentando que as tensões geopolíticas “aumentam os riscos de fragmentação da economia mundial”.
Em discurso no Atlantic Council, um centro de estudos de temas internacionais com sede em Washington, a diretora do FMI disse ainda que sem medidas para aumentar a produtividade e reduzir o peso da dívida, o mundo lida com “uma década lenta e decepcionante”, um período que ela rotulou como os “anos 20 mornos”.
Na semana que vem, Georgieva recebe chefes de bancos centrais e ministros das finanças em Washington, para reuniões do FMI e do Banco Mundial. A expectativa é que ela obtenha apoio para um novo mandato, a partir do segundo semestre. Também na semana que vem, o fundo publicará projeções atualizadas que, segundo ela, mostrarão um quadro melhor do que o que foi apresentado nas projeções divulgadas em janeiro. Na época, o FMI disse que o PIB global permaneceria em 3,1% em 2024 e aumentaria para 3,2% em 2025.
O forte crescimento nos EUA e nas grandes economias em desenvolvimento, como Indonésia e Índia, além de uma queda da inflação mais acentuada do que o esperado no final de 2023, ajudaram a impulsionar a economia global.
Por outro lado, o principal fator que levou a um crescimento mais fraco foi uma redução significativa da produtividade. Embora juros mais elevados tenham sido eficazes contra a inflação, também afetaram custos do serviço da dívida dos governos. “Nas economias avançadas, excluindo os EUA, os pagamentos de juros sobre a dívida pública representarão, em média, cerca de 5% das receitas este ano”, disse ela. “Mas o custo do serviço da dívida é mais doloroso nos países de baixo rendimento.”
Fonte: Valor Econômico

