Por Stella Yifan Xie e Cao Li — Dow Jones Newswires
01/09/2022 05h02 Atualizado há 4 horas
A atividade industrial chinesa encolheu e as vendas de imóveis caíram em agosto na China, que passa por dificuldades para superar o impacto dos surtos de covid-19, de sua pior onda de calor nas últimas seis décadas e do aprofundamento da crise imobiliária.
O governo chinês informou ontem que a atividade industrial encolheu pelo segundo mês seguido, afetada pela onda de calor que causou falta de eletricidade e interrupções na produção. As vendas de imóveis residenciais também continuaram a cair em julho, apesar das iniciativas do governo para facilitar os negócios e ajudar as empreiteiras a finalizarem obras.
A fraqueza prolongada da economia chinesa está afetando um motor do crescimento mundial, enquanto outras grandes economias sofrem com a inflação alta e o impacto da guerra na Ucrânia.
A China deu sinais de que começava a se recuperar em junho, após as restrições contra a covid-19 serem suspensas no centro financeiro de Xangai. Mas essa recuperação perdeu força. A volta de surtos de covid-19 no mês passado desencadeou novos lockdowns em várias cidades do país.
O índice oficial de gerentes de compras do setor industrial subiu de 49 em julho para 49,4 em agosto, mas ainda indica retração.
A “recuperação da China ainda não se firmou”, escreveram os economistas do Barclays Yingke Zhou e Jian Chang em nota a clientes.
A crise de energia causada pela onda de calor deprimiu a atividade industrial e cortou produção.
Outros dados divulgados ontem mostraram que o mercado imobiliário continua em queda: as vendas de imóveis residenciais caíram pelo 14º mês consecutivo.
As vendas das 100 maiores incorporadoras do país caíram mais de 30% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em relação a julho, a queda de agosto foi de 0,8%.
Já o índice de atividade dos setores não industriais caiu de 53,8 em julho para 52,6 em agosto.
O banco ANZ reduziu sua previsão de crescimento do PIB da China neste ano de 4% para 3% após a divulgação dos dados ontem, e citou o enfraquecimento da demanda interna e externa como motivo.
A estratégia do país de recorrer a lockdowns repentinos para conter a covid-19 continua a atrapalhar o crescimento. No mês passado, surtos de covid em dezenas de cidades levaram a testes em massa e ao fechamento de locais de entretenimento e de negócios. Mais de 40 cidades, que respondem por cerca de um terço do PIB chinês, estão em meio a surtos graves de covid.
“Não vejo nenhum motor de crescimento daqui para a frente”, disse Alicia García Herrero, economista-chefe para a região Ásia-Pacífico da Natixis, que recentemente baixou sua previsão de crescimento da China de 3,5% para 3%.
Fonte: Valor Econômico

