O diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, destacou a necessidade de se ter regras fiscais críveis e agentes que observem a dinâmica das contas públicas ao se referir ao efeito de normas fiscais nos custos de financiamento dos países.
“Quando você junta todos os países e tenta ver o impacto, não tem tanto impacto, mas quando você separa os países por aqueles que têm um monitoramento independente, há impacto. É preciso ter as duas coisas: um bom ‘framework’ e observadores”, afirmou o dirigente ao participar de evento sobre as condicionantes fiscais da política monetária nesta sexta-feira, na Fundação Getulio Vargas (FGV).
Logo no início de sua apresentação, o dirigente destacou a alta correlação entre a condução da política fiscal e da política monetária no início da pandemia. Segundo Guillen, baseado em dados do monitor fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI), 77 países adotaram medidas de afrouxamento fiscal e monetário ao mesmo tempo. Ele notou, ainda, que os países que mais gastaram em relação a 2019 também observaram uma variação maior nos núcleos de inflação de 2019 a 2022.
“Nesse período de expansão fiscal, você tem menor crescimento, maior inflação, aumento de juros e dívida maior”, destacou o diretor, ao lembrar, ainda, que tanto os Estados Unidos quanto os países europeus saíram da pandemia com uma dívida maior, o que, como consequência, elevou os desafios fiscais.
Durante sua apresentação, o dirigente citou um “paper” do FMI ao dizer que, quando o espaço fiscal de um país é reduzido, maior o impacto nos núcleos de inflação em reação a um impulso fiscal.
“Muitas das coisas que achamos que são puramente brasileiras estão acontecendo em outros países e nós buscamos explicar por fatores domésticos”, destacou Guillen. Ele notou tanto a expansão fiscal quanto a necessidade subsequente de aperto e destacou, ainda, a ótica da política monetária.
O diretor citou ainda como exemplo de eventos brasileiros que, na verdade, são globais a dinâmica da inflação, que tem mostrado similaridades entre os países; e a resiliência do mercado de trabalho. “Vários desses temas perpassam o Brasil.”
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Diogo Guillen, diretor de política econômica do Banco Central — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Fonte: Valor Econômico

