Dólar e taxas de Treasuries sobem com dados fortes e Fed no radar

Os rendimentos dos Treasuries e o dólar fecharam em alta ontem em meio a dados econômicos mais fortes que o esperado e declarações do presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de Chicago, Austan Goolsbee. Já Wall Street fechou em alta em um dia em que os índices oscilaram entre perdas e ganhos que revelaram a cautela dos investidores em relação ao chamado “Trump Trade”, a uma escalada da guerra entre Ucrânia e Rússia e até sobre os resultados da Nvidia, divulgados na véspera.

Goolsbee disse, sem se referir explicitamente às potenciais políticas inflacionárias do governo Trump, que quando há incerteza ou desacordo sobre o caminho à frente, faz sentido reduzir o ritmo dos cortes nos juros. “Isso é ainda mais verdadeiro quando os tempos são incomuns e a experiência passada não é muito útil. Então, é fácil entender por que o fim deste ano e o início de 2025 representam um momento crítico para o Fed”, disse.

Segundo Goolsbee, em momentos como esse, é importante não se deixar levar pelos dados mais recentes. “Precisamos ter uma visão de longo prazo para ter uma noção melhor do que está acontecendo.”

Na seara dos dados, os pedidos iniciais de seguro-desemprego da semana passada caíram para 213 mil, de 219 mil da semana anterior e abaixo do consenso de 220 mil. “É o menor resultado desde abril”, disse Nancy Vanden Houten, economista-chefe para os EUA da Oxford Economics.

Contudo, ela destaca que “fatores sazonais tornarão os dados semanais voláteis. Ainda assim, depois de serem impulsionados pela greve da Boeing e pelos furacões Helene e Milton, os pedidos de seguro-desemprego retornaram a um nível consistente com demissões limitadas”.

Também surpreendeu a alta de 3,4% nas vendas de casas usadas em outubro, primeiro ganho em base anual desde julho de 2021.

“O pior da crise nas vendas de imóveis pode ter acabado”, disse o economista-chefe da Associação Nacional dos Corretores de Imóveis”, Lawrence Yun. “Ganhos de empregos e crescimento econômico contínuo parecem garantidos, resultando em crescente demanda por moradia.”

A taxa fixa de hipoteca de 30 anos está em 6,84%, segundo a agência hipotecária Freddie Mac, acima dos 6,79% do início do mês, mas abaixo dos 7,44% registrados há um ano.

No fechamento, o rendimento da T-Note de 2 anos era negociada a 4,357%, de 4,331 do ajuste anterior. O rendimento do papel de 10 anos subia a 4,425%, de 4,409%. Já o índice DXY – que mede a relação do dólar americano com uma cesta de seis moedas de países desenvolvidos – subia 0,35% a 107,06 pontos.

“Dado que muitas das incertezas macroeconômicas provavelmente não serão resolvidas até meados de 2025, somos simpáticos a uma relutância coletiva em empurrar o rendimento de 10 anos em qualquer direção, ou seja, acima de 4,50% ou de volta para 4,25%”, afirma Ian Lyngen, estrategista da BMO Markets.

No mercado de ações, a pressão veio da forte queda de 4,75% das ações da Alphabet depois que o Departamento de Justiça (DoJ) dos EUA determinou que o Google venda o seu servidor de internet Chrome.

Já o S&P 500 foi sustentado pela alta de 15% da Super Micro Computer depois que a Nvidia listou o fabricante de servidores como um de seus parceiros confiáveis. Após registrar uma alta de 109% nos lucros do terceiro trimestre, mas anotar uma queda de margem, as ações da Nvidia operaram com valorização e perdas durante o dia, fazendo o Nasdaq oscilar bastante. No fim do dia, a fabricante de chips tinha alta de 0,53% nas ações.

O setor bancário foi um dos que mais subiram ontem, avançando 1,27%, ainda na onda do Trump Trade, embora alguns analistas acreditem que este movimento está desacelerando.

O índice Dow Jones subiu 1,06%, S&P 500 avançou 0,53% e o Nasdaq ganhou 0,03%. Os maiores ganhadores do dia foram as “small caps”, com o indicador referência Russell 2000 registrando valorização de 1,65%.

 

Fonte: Valor Econômico