Mercado global de tratamento de veias varicosas movimentou US$ 14 bilhões em 2023 e deve atingir US$ 212 bilhões até 2030
As perspectivas de envelhecimento e o aumento da obesidade na população brasileira devem impulsionar a demanda por produtos e medicamentos para o tratamento de problemas circulatórios nos próximos anos. Executivos do setor alertam que pessoas mais idosas e obesas têm propensão mais elevada a desenvolver doenças relacionadas a má circulação sanguínea, como varizes e tromboses. Esse cenário pode impulsionar o mercado ligado ao tratamento dessas condições de saúde, alertam os especialistas.
Segundo a consultoria americana de pesquisas de mercado Verified Market Reports, o mercado global de tratamento de veias varicosas movimentou perto de US$ 14 bilhões em 2023 e deve atingir US$ 212 bilhões até 2030.
No Brasil, o número de pessoas com essas doenças tem aumentado. Dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), do Ministério da Saúde, coletados pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), mostram que 82.787 pessoas com problemas de veias varicosas nas extremidades inferiores entre janeiro e novembro de 2024 (último dado disponível) foram tratadas no SUS. É um universo 9,4% maior do que todo o ano de 2023.
“Estamos aguardando o aumento expressivo da condição varicosa da população brasileira”, diz o presidente da SBACV, Armando Lobato.
“Pessoas que têm mais idade demandam uma série não só de medicamentos, mas de produtos”, afirma Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma). A indústria farmacêutica está atenta a essas mudanças demográficas. Segundo ele, o setor está investindo em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos, que atendam a essas necessidades emergentes.
“O problema de trombose é foco de estudo de várias empresas [para medicamentos]”, afirma Mussolini, e acrescenta: “uma trombose tem um efeito em uma pessoa mais velha muito mais devastador [do que em uma pessoa mais jovem].”
A Makrofarma, farmacêutica de controle familiar com sede no Rio, tem planos de entrar com mais força nesse mercado. A empresa conseguiu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para lançar um produto com prescrição médica para tratamento da condição varicosa. “Acreditamos muito no crescimento desse segmento”, diz Ivan Guedes, CEO da Makrofarma. A empresa tem duas fábricas e faturamento de R$ 16 milhões no ano passado.
A Neo Química, que também atua nesse segmento, diz que uma das doenças circulatórias que geram mais queixas físicas e estéticas são as varizes. Esse problema atinge cerca de 38% da população brasileira – dos quais 30% dos homens e 45% das mulheres.
Rodney Correia Ursini, diretor de marketing da unidade de prescrição do Aché, afirma que, com o processo natural de envelhecimento, ocorre o chamado envelhecimento vascular, caracterizado por aumento da rigidez arterial e por alterações na dinâmica circulatória. “Esse processo é influenciado por fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, obesidade e níveis elevados de colesterol, cujas prevalências também aumentam com a idade.”
“Avaliando o horizonte a longo prazo, esse cenário amplia significativamente a demanda por tratamentos e medicamentos específicos, elevando os custos para indivíduos, seguradoras e sistemas públicos de saúde”, afirma.
O diretor médico da divisão de farmacêuticos estabelecidos da Abbott no Brasil, Marcelo Mori, concorda. “O aumento da população em faixas etárias mais avançadas e a crescente prevalência de obesidade impulsionarão a demanda por tratamentos de saúde em geral.”
Diego Rodrigo Becker, diretor de vendas da Essity, empresa sueca de higiene e saúde que fabrica meias de compressão, também vê demanda em alta pelo produto nos próximos anos. O executivo citou dados de pesquisas globais segundo as quais do total de pessoas que sofre de varizes no mundo, apenas 3% utilizam terapia compressiva. No caso do mercado brasileiro, Becker afirmou que, assim como ocorre em escala mundial, a adesão às meias ainda é baixa.
Fonte: Valor Econômico