13 Mar 2024
Presidente do conselho de supervisão do Banco Central Europeu (BCE), Claudia Buch afirmou ontem que o sistema financeiro na região tem até o momento absorvido choques recentes, mas advertiu para a incerteza no quadro, que deve deixar bancos atentos. Durante discurso em evento do Morgan Stanley, a dirigente recordou que os bancos enfrentam agora novos riscos, como mudanças climáticas, tensões geopolíticas, digitalização e mudanças demográficas, os quais exigem “ajuste estrutural”. “Quando e como esses riscos e mudanças estruturais se materializarão, e como afetarão nossas economias, é altamente incerto”, disse.
No curto prazo, as previsões seguem “relativamente otimistas”, de pouso suave em termos de crescimento econômico global. Claudia advertiu, porém, que há muitas tendências e incertezas de mais longo prazo não refletidas nas medidas de risco baseadas no mercado.
Ela afirmou que há um ambiente macrofinanceiro que tem mudado de modo significativo. “A inflação e as taxas de juros estão mais altas, o crescimento enfraquece e há incerteza elevada sobre como a economia real irá se adaptar às tendências globais”, disse ela. “A pressão por mudança estrutural certamente cresceu.”
Na avaliação da dirigente, vulnerabilidades subjacentes no setor bancário “podem não ter sido expostas”. “Um bom gerenciamento de risco precisa reconhecer que os efeitos de taxas de juros mais altas mudam com o tempo”, disse ela.
Nesse sentido, Claudia citou o setor de imóveis comerciais como “particularmente vulnerável” a juros mais altos. Segundo ela, o BCE monitora de perto o quadro nesse setor desde 2018, em atividades de supervisão, e em 2023 comunicou falhas a alguns bancos. • GABRIEL BUENO A COSTA
Fonte: O Estado de S. Paulo

