Transformações na estrutura dos mercados de crédito e mudanças nas dinâmicas políticas globais terão papel mais relevante do que o próprio ciclo econômico na definição do risco de crédito em 2026. A avaliação é de analistas da Moody’s e aparecem em estudo divulgado hoje.
A análise considera os impactos da polarização política, da evolução tecnológica e das mudanças climáticas sobre o ambiente de crédito global.
O crédito privado evoluiu nos últimos anos para se tornar um concorrente relevante dos bancos. “Sua flexibilidade tem sido essencial para determinados setores, mas há preocupações crescentes sobre desempenho futuro, alavancagem, interconexões e transparência”, afirmam.
A digitalização das finanças, com inovações como stablecoins e ativos tokenizados, também esta mexendo na liquidez, mas também cria novos riscos.
Sobre o cenário político global, a equipe da Moody’s diz que a insatisfação com partidos tradicionais e os efeitos da globalização têm impulsionado “políticas mais voltadas para o mercado interno nas principais economias”, o que mexe com as relações internacionais e reduz a previsibilidade.
Os avanços em inteligência artificial também podem ter impacto no crédito global. “Caso o progresso estagne após 2025, os benefícios se concentrarão em setores altamente digitais e intensivos em dados. Já avanços contínuos poderão ampliar os impactos para uma gama maior de indústrias. A gestão de riscos cibernéticos, ambientais e sociais, bem como a adaptação regulatória e a dinâmica competitiva, serão fatores críticos”, pontuam.
Por fim, os analistas ressaltam o impacto dos eventos climáticos extremos, que só em 2024 causaram perdas de US$ 318 bilhões. Em economias avançadas, as seguradoras estão aumentando prêmios e restringindo coberturas, relatam. Houve aumento de investimentos em adaptação pelos governos, mas esses recursos devem competir com outras prioridades orçamentárias, especialmente em mercados emergentes, concluem.
Fonte: Valor Econômico

