Por Victor Rezende — De São Paulo
28/06/2023 05h02 Atualizado há 5 horas
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A diferença na comunicação adotada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no comunicado da decisão, divulgado na semana passada, e na ata da reunião, conhecida ontem, chamou atenção no mercado e foi capturada nos indicadores de sentimento elaborados pela LCA Consultores. Enquanto o comunicado continuou a sustentar um tom mais “hawkish” (conservador) já visto nas decisões anteriores, a ata trouxe novidade ao caminhar para um campo mais “dovish” (suave), que pode ser entendido como compatível com a visão de um corte na Selic em agosto.
“Temos visto comunicados do Copom mais duros, até porque é a primeira versão que o Banco Central utiliza para comunicar aquela decisão aos agentes do mercado e aos agentes políticos. Depois, essa postura mais agressiva é compensada nas atas, que trazem um conjunto de informações mais detalhado e, por eles, é possível entender melhor a cabeça do Copom”, observa o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, que elaborou os indicadores. Nos dois índices, tanto no do comunicado quanto no da ata, resultados acima de zero indicam um tom mais duro, enquanto números abaixo de zero apontam para um tom suave.
“Ficou clara a diferença, com a ata adotando uma postura mais ‘dovish’. Os próprios agentes do mercado reagiram à ata de acordo com o indicador, e é uma postura mais suave, aponta uma probabilidade maior de corte de 0,25 ponto percentual nos juros em agosto”, afirma Imaizumi. Ele aponta, ainda, que a divergência entre os dois grupos no Copom – “doves” e “hawks” – e a indicação de que a ala predominante imagina uma redução de juros em agosto se soma à percepção de que o grupo minoritário pode mudar de lado e passar a apoiar corte em agosto se as expectativas de inflação caírem.
Imaizumi aponta que o indicador foi construído a partir de um modelo de inteligência artificial e consegue capturar o tom emocional de cada sentença dos documentos do Copom – assim, categoriza as frases em “hawkish”, “dovish” ou neutra.
Assim, os modelos da LCA capturaram uma tendência bem mais suave na ata divulgada ontem, até mesmo em relação a atas anteriores, enquanto o comunicado permaneceu no campo mais “hawkish”. Na margem, a declaração da reunião passada mostrou um tom ligeiramente mais duro que o das reuniões de março e maio, apontam os índices da LCA.
O cenário básico defendido pelos economistas da LCA antes mesmo da decisão do Copom é o de redução do juro básico em 0,25 ponto percentual em agosto, com uma taxa de 12% no fim deste ano e de 9,75% em 2024, quando o ciclo chegaria ao fim.
Fonte: Valor Econômico
