1 Mar 2023 COLABORARAM DANIEL TOZZI MENDES e ITALO BERTÃO FILHO DANIELA AMORIM
A taxa de desemprego voltou a cair no País, de 8,1% no trimestre encerrado em novembro de 2022 para 7,9% no trimestre terminado em dezembro, a menor desde fevereiro de 2015, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na média do ano passado, a taxa de desemprego foi de 9,3%, melhor desempenho desde 2015. Em 2021, o resultado tinha sido de 13,2%.
Apesar do bom resultado, o mercado de trabalho mostrou perda de força na reta final do ano passado. O esperado aumento sazonal no número de vagas – especialmente puxadas pelas contratações temporárias no comércio e em alguns serviços – decepcionou, e o avanço na ocupação no quarto trimestre de 2022 foi o mais fraco da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012.
“É a primeira vez que não houve um crescimento da população ocupada no comércio desde 2015”, disse Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento no IBGE.
FATORES. A coordenadora do IBGE menciona que pode haver diferentes fatores por trás do fenômeno, como o endividamento elevado, redução no consumo das famílias, menor acesso ao crédito, além do desempenho da Black Friday, a realização extraordinária da Copa do Mundo no fim do ano e uma expectativa mais morna dos comerciantes sobre as vendas.
O País registrou uma abertura de 101 mil vagas no último trimestre de 2022, avanço de 0,1% na ocupação em relação ao terceiro trimestre. Ainda assim, a população ocupada alcançou um novo recorde, subindo a 99,370 milhões trabalhando. Em um ano, 3,622 milhões de brasileiros encontraram emprego.
“Tivemos dois anos seguidos de crescimento forte que ajudaram muito nessa queda do desemprego e conseguiram que a renda parasse de cair”, afirmou o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale. “Esse comportamento confirma nossa tese de que a perda de fôlego da economia já começou a impactar o mercado de trabalho. Setores como comércio e indústria já acusaram essa desaceleração e acreditamos que esse movimento chegará também ao de serviços”, escreveu a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário ao mercado. •
Fonte: O Estado de S. Paulo

