21 Dec 2023 CIRCE BONATELLI
O Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil deve fechar o ano de 2023 com uma queda de 0,5%, e se recuperar em 2024, com alta de 1,3%, de acordo com projeções divulgadas pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A nova estimativa para este ano revela uma piora no desempenho da construção, mas esse cenário não é consenso entre as entidades do setor.
Em 2022, o PIB da construção cresceu 6,8%, e a CBIC havia projetado alta de 2,5% para o PIB do setor neste ano. Na metade deste ano, a projeção já havia sido cortada para 1,5%.
Já as projeções do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) são mais otimistas que as divulgadas pela CBIC. Em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Sinduscon-SP projeta uma alta de 1,2% do setor neste ano, e de 2,9% em 2024.
De acordo com a CBIC, a retração do PIB do setor neste ano é fruto de uma economia marcada pelas altas taxas de juros, da demora da divulgação das novas condições do Minha Casa, Minha Vida, e da desaceleração das obras e reformas domésticas.
BAIXO INVESTIMENTO. No terceiro trimestre, o PIB da construção recuou 3,8% em relação ao segundo trimestre, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este foi o pior resultado do setor, nessa base de comparação, desde que a pandemia chegou ao Brasil, destacou a CBIC.
A CBIC considera também que a taxa de investimentos no Brasil preocupa, pois está em patamar muito baixo. Quanto menor o investimento, mais dificuldades o País terá para crescer de forma sustentada, apontou a entidade.
A continuidade do ciclo de cortes das taxas de juros pelo Banco Central, porém, deve ajudar a reaquecer a economia como um todo, favorecendo a melhora dos negócios no setor. Também é esperada uma recuperação dos lançamentos de imóveis residenciais, puxada pelo segmento do Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
CONJUNTO DE FATORES. No segmento de obras públicas, a expectativa é de continuidade de projetos oriundos das concessões de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, bem como novos investimentos decorrentes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O ano eleitoral também deve fazer as prefeituras ampliarem seus investimentos.
Já as perspectivas mais otimistas do Sinduscon para o setor estão baseadas em um conjunto de fatores, conforme explicou a coordenadora de estudos da construção da FGV, Ana Maria Castelo. “Vislumbramos crescimento de consumo de materiais pelas famílias e pelas empresas. Depois de dois anos sucessivos de queda no consumo das famílias, agora vemos queda nos juros, inflação sob controle e possibilidade de volta do financiamento. Tudo isso deve ter um efeito positivo”, disse, completando: “Mas estamos falando de um crescimento ainda pequeno, sobre um base fraca”.
O vice-presidente de economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, também disse estar otimista com a melhora no consumo de materiais pelas famílias. “Estamos vendo crescimento de emprego, o que contribui na recuperação da renda de forma geral. Isso vai ajudar.”
O Sinduscon também aponta como um fator central à expansão do setor a continuidade na redução da taxa Selic, que deverá reduzir o custo dos financiamentos tanto para a construção quanto para aquisição de imóveis, ajudando a revigorar o mercado. •
Programas Novas regras do Minha Casa, Minha Vida e o PAC devem favorecer investimentos em 2024
Fonte: O Estado de S. Paulo

