Por Pedro Borg, Valor — São Paulo
09/01/2024 11h30 Atualizado há 13 horas
A economia global vai desacelerar pelo terceiro ano consecutivo em 2024, pressionado pelas taxas de juro elevadas, inflação alta persistente, forte retração do comércio e menor crescimento da China, aponta o Banco Mundial.
Em seu mais recente relatório Perspectivas Econômicas Globais, o Banco Mundial prevê uma expansão de 2,4% da economia global neste ano, de 2,6% no ano passado, 3% em 2022 e 6,2% em 2021 — que reflete a forte retomada da recessão de 2020 provocada pela pandemia de covid-19.
Segundo o relatório, o desempenho da atividade global no período de cinco anos até 2024 será o mais fraco desde o início da década de 1990, um “marco lamentável” que deixará uma em cada quatro economias em desenvolvimento mais pobre do que antes da pandemia de covid-19. Além disso, em cerca de 40% dos países mais pobres, o patamar econômico não terá retornado aos níveis de 2019, último ano antes da pandemia.
A entidade diz que o desempenho econômico para os próximos dois anos ainda será reflexo de um aperto na política monetária em todo o mundo, de condições de crédito restritas e de uma queda nos investimentos. O Banco Mundial estima que o crescimento mundial só voltará a acelerar em 2025, quando prevê alta de 2,7%.
“Sem uma grande correção de rumo, a década de 2020 será considerada uma década de oportunidades desperdiçadas. O crescimento a curto prazo permanecerá fraco, deixando muitos países em desenvolvimento — especialmente os mais pobres — presos em uma armadilha: com níveis paralisantes de dívida e acesso restrito a alimentos para quase uma em cada três pessoas”, disse Indermit Gill, economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco Mundial.
Entre as economias ricas, a dos EUA provavelmente encerrou 2023 com uma expansão de 2,5%, 1,4 ponto porcentual acima do que o Banco Mundial estimava na metade do ano. Mas a maior economia do mundo também deve desacelerar este ano, para 1,6%, em virtude do aumento no custo de empréstimos e queda nos gastos.
A economia da China, a segunda maior do mundo, deverá crescer 4,5% este ano e 4,3% em 2025, uma queda acentuada ante os 5,2% estimados para 2023. Pesa sobre a economia chinesa, que por décadas foi o motor do crescimento global, o colapso do seu gigantesco setor imobiliário, que reduziu a confiança dos consumidores, assim como desemprego recorde entre os jovens e rápido envelhecimento de sua população.
As perspectivas para América Latina, segundo o Banco Mundial, não diferem muito das médias globais, com previsão de redução do ritmo de crescimento em 2024. A previsão para a região melhorou em relação ao relatório anterior, muito por conta do desempenho das duas maiores economias, Brasil e México. Em relação ao Brasil, o Banco Mundial projeta um crescimento de 1,5% este ano. (Com agências internacionais)

Fonte: Valor Econômico

