Quatro casos foram registrados neste ano: três em Roraima e um no Paraná; especialistas temem nova epidemia
- O Estado de S. Paulo.
- 15 May 2023
- RENATA OKUMURA
O ressurgimento recente de casos de sorotipo 3 do vírus da dengue, doença transmitida pela picada do mosquito aedes aegypt, preocupa especialistas pelos riscos de uma nova epidemia causada por esse sorotipo viral após 15 anos. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), coordenado pela Fiocruz Amazônia e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), revela que quatro casos da infecção foram registrados neste ano, sendo três em Roraima, na região Norte, e um no Paraná, no Sul do País.
“Neste estudo, fizemos a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus dengue. É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, afirma o virologista Felipe
Naveca, chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia e pesquisador do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC/Fiocruz.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Quando uma pessoa é infectada por um dos quatro, torna-se imune a todos os tipos de vírus durante alguns meses e posteriormente mantém-se imune, pelo resto da vida, ao sorotipo pelo qual foi infectada.
RISCO.
No entanto, caso volte a ter dengue, com um dos outros três tipos do vírus que ainda não contraiu, poderá apresentar ou não uma forma mais grave. A maioria dos casos de dengue hemorrágica é registrada em pessoas anteriormente infectadas por um dos quatro tipos de vírus.
“O risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000. Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo”, alerta a entidade.
A realização da pesquisa contou com a parceria dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) de Roraima e do Paraná, além da participação de especialistas de diversas instituições de pesquisa. Conforme a Fiocruz, os resultados da análise foram divulgados em artigo preprint, sem o processo de revisão por pares, na plataforma medRxiv. O trabalho foi submetido para publicação em periódico científico.
A s análises indicam que a linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, entre 2018 e 2020, via Caribe.
Mais graves A maioria dos casos de dengue hemorrágica é em pessoas já infectadas por um dos quatro sorotipos
Fonte: O Estado de S. Paulo.