Companhia controlada pela família Bueno terá queda de alavancagem com transferência de dívida de R$ 3,5 bilhões para rede hospitalar
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/h/B/ubi0FBTvymtuaSZYSw1g/foto01emp-101-dasa-b4.jpg)
Após uma reestruturação que envolveu uma cisão de sua operação hospitalar com a Amil, a Dasa volta a ser, a partir de hoje, uma empresa focada em medicina diagnóstica – o negócio que deu origem à companhia controlada pela família Bueno. Nesta nova fase, está fora do radar um outro aumento de capital para redução de alavancagem que, por sua vez, virá de crescimento orgânico e geração de caixa.
“De fato, o fechamento de sua joint venture de hospitais com a Amil, em abril, foi um marco, o que pode ajudar a agilizar as operações e acelerar o ritmo de captura de sinergias no futuro. Mas, ainda estamos no início de um complexo processo de recuperação e a consistência na execução provavelmente continuará sendo crucial para restaurar a confiança dos investidores ao longo do tempo”, destaca Leandro Bastos, analista do Citi.
No primeiro trimestre do ano passado, a alavancagem da companhia chegou a ultrapassar a casa de quatro vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), acima dos múltiplos acordados com os credores (covenants). Em março deste ano, a relação era de 3,65 vezes (sem considerar a segregação dos negócios).
Nesse cenário, a família controladora injetou R$ 1,5 bilhão num aumento de capital e fechou joint venture com a Amil, o que possibilitou a transferência de uma dívida de R$ 3,5 bilhões da Dasa para a companhia combinada. Chamada de Rede Américas , ela tem 25 hospitais, 30 unidades de oncologia e 23 centros médicos.
“O aumento de capital de R$ 1,5 bilhão do ano passado [injetado pelo controlador] ajudou a manter a alavancagem. Agora com a transferência de R$ 3,5 bilhões da dívida para a nova companhia, teremos no segundo trimestre outro patamar de alavancagem, menor do que os 3,65 vezes do primeiro trimestre. É um novo momento para a empresa”, disse Rafael Lucchesi, que assume hoje a presidência da Dasa. O executivo está na rede há 13 anos e, anteriormente, foi de operadoras de planos de saúde.
Segundo Lucchesi, não há hoje na mesa nenhuma operação financeira, como aumento de capital, sendo negociada com a finalidade de baixar o endividamento da Dasa que, no primeiro trimestre, era da ordem de R$ 6 bilhões.
A nova Dasa tem, atualmente, uma receita da ordem da R$ 10 bilhões, sendo R$ 8 bilhões do negócio de exames laboratoriais e R$ 2 bilhões vêm dos hospitais da Bahia e São Domingos (em São Luiz), além da rede especializada em oncologia Amo, também na Bahia. Esses três ativos não fizeram parte da negociação e podem ser vendidos separadamente ou entrarem, futuramente, para a Rede Américas.
A expansão da empresa de medicina diagnóstica virá de forma orgânica e entrada em novos negócios. Aquisições de ativos não fazem parte da atual estratégia de crescimento, uma vez que a prioridade é reduzir a alavancagem.
A empresa entrou, recentemente, no mercado de infusão de medicamentos – uma área que seu concorrente Fleury já tem uma operação mais consolidada.
Nosso foco agora é crescimento orgânico e caixa, não há operação financeira na mesa”
É esperado um crescimento no volume de exames processados em suas unidades próprias – são quase 900 pontos no país – e também na prestação de serviços para outros laboratórios. Nessa divisão, conhecida como Apoio, a Dasa faz o diagnóstico para cerca de 600 laboratórios que representam 10% da receita. O executivo não revela projeções futuras.
A companhia tem 28 centrais de processamento de exames no país que, recentemente, foram integrados e, com isso, passam a ter mais capacidade para atender os laboratórios terceiros.
Além de Brasil, a Dasa tem uma operação na Argentina que, no ano passado, apurou receita líquida de R$ 500 milhões, alta de 149% sobre o desempenho de 2023. A expansão para outros países da América Latina foi interrompida no processo de reestruturação.
No total, a companhia faz hoje o diagnóstico de 400 milhões de exames, por ano. A empresa é lider no mercado de medicina diagnóstica, com uma participação de mercado de 15%.
No segundo trimestre, a Dasa vai divulgar os dados financeiros já segregados. Nas linhas de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) e lucro líquido, haverá impacto da Rede Américas, cuja contabilização será por meio de equivalência patrimonial. A companhia de medicina diagnóstica detém uma fatia de 50% Rede Américas.
Entre janeiro e março deste ano, a receita do negócio de medicina diagnóstica cresceu 6% para R$ 2,1 bilhões e o Ebitda avançou 11% para R$ 708 milhões.
O balanço (ainda incluindo as operações de medicina diagnóstica e hospitais) do primeiro trimestre mostra uma queima de caixa que não veio do negócio de laboratório. No primeiro trimestre, a geração de caixa operacional ficou negativa em R$ 43 milhões, mas representou uma melhora de R$ 175 milhões na comparação anual. “Estamos priorizando disciplina financeira, gestão de caixa e eficiência operacional”, disse o executivo.
Fonte: Valor Econômico