A economia chinesas continuou perdendo força em setembro, com pesquisas de atividade mostrando que o setor industrial continuou em contração, enquanto os preços de vendas de imóveis novos caíram quase 38% em termos anuais. Apesar dos novos sinais de fraqueza, o mercado de ações chinês teve mais um dia de fortes ganhos, com uma alta de mais de 8%.
O índice oficial de atividade industrial subiu para 49,8 em setembro, mas se manteve em território de contração onde se encontra desde abril de 2023, exceto por três meses. Já o índice de atividade não industrial caiu para o menor nível em 21 meses, mostrando uma desaceleração dos setores de construção e serviços.
Os dados, divulgados pelo Escritório Nacional de Estatística divulgadas nesta segunda-feira (30), mostram uma persistente deterioração da economia antes do anúncio de Pequim de um amplo pacote de medidas para estimular o crescimento na semana passada. Na ocasião, o banco central chinês cortou as principais taxas de juros e liberou dinheiro para os bancos impulsionarem os empréstimos, enquanto os líderes do Partido Comunista, o Politburo, prometeram apoiar os gastos fiscais e estabilizar o setor imobiliário em recessão.
Uma pesquisa privada da Caixin, também publicada nesta segunda-feira (30), apontou que seu índice de atividade industrial (ajustado sazonalmente) caiu para 49,3 em setembro, de 50,4 em agosto, o menor desde agosto de 2023. Essa piora foi atribuída à nova queda nas novas encomendas às fábricas.
“As condições operacionais no setor manufatureiro da China pioraram em setembro após melhorar em agosto”, segundo o relatório. “Além disso, as empresas reduziram suas atividades de contratação e compra.”
Mas os traders ignoraram a rodada de fracos dados econômicos, animados pelo plano multifacetado de Pequim para elevar o sentimento econômico. O índice de referência CSI 300 saltou 8,5%, a maior alta desde 2008, enquanto um índice da Bloomberg Intelligence de incorporadores imobiliários chineses subiu até 15,7%.
“Os índices de atividade sugerem que a economia ainda está fraca, mas haverá mais foco no impacto das fortes medidas de estímulo anunciadas na semana passada”, disse Woei Chen Ho, economista do United Overseas Bank. “A combinação de política monetária e fiscal deve evitar que a economia enfraqueça ainda mais no curto prazo”, acrescentou.
Os dados desta segunda-feira (30) ofereceram um instantâneo da situação econômica antes do início do feriado prolongado da Golden Week, que começa nesta terça-feira (1°/10). Os gastos neste período vão oferecer um vislumbre inicial dos efeitos dos esforços de Pequim para aumentar a confiança do consumidor, que em setembro caiu para o menor nível desde novembro de 2022.
“A falta de demanda doméstica efetiva é um problema sério, e a pressão sobre o emprego e as fracas expectativas restringiram a capacidade e a disposição dos consumidores de gastar”, disse Wang Zhe, economista sênior do Caixin Intelligence Group.
Outro relatório divulgado mostrou que a crise residencial da China se aprofundou em setembro antes que o governo divulgasse um pacote de medidas para dar um fim à crise imobiliária de anos.
O valor das vendas de casas novas das 100 maiores empresas imobiliárias caiu cerca de 37,7% ao ano em setembro, para 251,7 bilhões de yuans (US$ 35,9 bilhões), de uma queda anual de 26,8% registrada em agosto, de acordo com dados preliminares da China Real Estate Information Corp. O número de transações aumentou 0,2% em relação a agosto.
“Os compradores de imóveis continuaram ausentes em setembro à espera de estímulos”, disse Chen Wenjing, diretor de pesquisa da China Index Holdings. “A atividade pode melhorar um pouco em outubro após os anúncios da semana passada. Mas é preciso mais flexibilização para que o mercado imobiliário em todo o país pare de se contrair”, acrescentou.
No domingo (29), Guangzhou se tornou a primeira cidade de nível 1 a remover todas as restrições para compra de moradia, dizendo que pararia de revisar a elegibilidade dos compradores e não limitaria mais o número de casas próprias.
Fonte: Valor Econômico

