Por Marsílea Gombata e Jéssica Sant’Ana — De São Paulo e Brasília
15/08/2023 05h01 Atualizado há 6 horas
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O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve em junho desempenho melhor do que o previsto, indicando potenciais revisões para cima do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre e em 2023.
O IBC-Br subiu 0,63% em junho, na comparação dessazonalizada com maio, conforme divulgado ontem pelo Banco Central. Em maio, o indicador havia tido queda de 2,05%, dado revisado da contração de 2%.
“Os dados que saíram vão em linha com o comércio mais acelerado, por causa de políticas do governo para [o mercado] de automóveis, serviços com algum fôlego crescendo e a indústria andando de lado”, afirma Marina Garrido, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). “O que salvou [o IBC-Br] foi a parte não cíclica da economia, que é mais exógena e não depende tanto da taxa de juros.”
Ela afirma que o IBC-Br mostrou desaceleração mais branda do que se esperava em junho, o que deve levar a revisões para cima do PIB.
Com a leitura do IBC-Br de junho, as projeções para o segundo trimestre e o ano fechado devem ser melhores que o previsto até então, afirma Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores.
Ele lembra que o IBC-Br encerrou o segundo trimestre com alta de 0,4%, ante o trimestre anterior, e crescimento de 2,3% na comparação com o primeiro trimestre.
“Esses números estão um pouco acima do que tínhamos há um tempo atrás”, diz. “Considerando a relação do IBC-Br com o PIB, que no primeiro trimestre ficaram muito próximos, tudo indica que teremos um PIB no segundo trimestre acima do que esperávamos. E isso terá impacto na nossa projeção para o ano, de alta de 2,2%.”
Visão semelhante tem Carlos Pedroso, economista-chefe do banco MUFG Brasil.
“A alta de 0,4% no segundo trimestre nos leva a imaginar que o PIB pode ter esse mesmo crescimento no período”, diz. “Ainda temos um PIB estável para o segundo trimestre. Mas esse viés positivo [do IBC-Br] poderia nos dar crescimento de 0,3% do PIB no segundo trimestre, ante o primeiro, caso se confirme o mesmo comportamento que tivemos no IBC-Br.”
Para 2023, o banco espera alta de 2,2% do PIB. Se confirmado o mesmo comportamento do IBC-Br, diz Pedroso, a economia poderia crescer 2,4% em 2023.
Considerado um proxy do PIB, o IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do BC, de frequência mensal, permite acompanhamento mais frequente da evolução da atividade econômica, enquanto o PIB de frequência trimestral, descreve um quadro mais abrangente da economia.
A herança estatística do IBC-Br é de -0,27% para o PIB do terceiro trimestre, ante o segundo, e de +2,43% para o PIB de 2023, segundo os economistas Alberto Ramos e Renan Muta, do banco Goldman Sachs. Em relatório, eles lembram que em junho a atividade econômica estava 5% acima do nível pré-pandemia, mas 1,4% abaixo do pico de dezembro de 2013.
O FGV Ibre prevê alta de 1,1% do IBC-Br em julho, ante junho. Na comparação com julho de 2022, a projeção é de alta de 1,4%.
O IBGE divulga o PIB do segundo trimestre em 1º de setembro.
Fonte: Valor Econômico

