O processo aberto pela gerência de acompanhamento de empresas da autarquia foi motivado por “notícias, fatos relevantes e comunicados”, como as informações veiculadas na imprensa acerca de uma ação civil protocolada pelo banco contra o ex-CFO Broedel e Martins, após identificar uma sociedade e transferências de recursos entre os dois que teriam beneficiado financeiramente o agora ex-executivo da instituição financeira.
O ItaúCotação de Itaú tem até terça-feira (10) para responder à CVM. Como antecipou o Valor no último sábado (7), a expectativa era que o processo fosse aberto o mais rapidamente possível, visto que o banco é uma companhia aberta e o caso pode eventualmente ter desdobramentos no mercado de capitais.
O processo aberto nesta segunda-feira é uma etapa de instrução em que a autarquia questiona o que o Itaú tem a dizer oficialmente sobre as acusações. Nessa análise inicial, que não tem prazo para ser concluída, a CVM pode ouvir representantes do banco, requisitar documentos internos e pedir acesso ao processo judicial.
Se existirem elementos probatórios, é aberto o chamado processo administrativo sancionador, que apura e julga eventuais infrações às normas do mercado de valores mobiliários.
Segundo a investigação do Itaú, o ex-CFO contrataria pareceres da empresa de Martins e, por uma engenharia financeira que passaria por outras empresas, receberia parte do valor dos contratos, como publicou também no último sábado o Pipeline, site de negócios do Valor.
Representantes do Itaú se reuniram com a área técnica da CVM na última sexta-feira, antes de o caso vir à tona, segundo apurou o Valor. O encontro teria como objetivo alertar o corpo técnico sobre possíveis movimentos de mercado com a repercussão do caso.
A CVM não precisa ser acionada por nenhuma das partes envolvidas para dar início às apurações e pode agir de ofício se identificar eventuais crimes ou infrações à legislação societária ou às suas próprias normas, explicaram advogados societários. Procurada, a CVM informou que o assunto está sendo analisado no processo administrativo 19957.020869/2024-85. A autarquia disse ainda que não comenta casos específicos.
A assessoria de imprensa de Broedel já havia dito, no fim de semana, que as acusações são infundadas e que o executivo tomará medidas judiciais. Martins falou em má-fé na interpretação do banco, mas admitiu que trabalhava com Broedel na elaboração de pareceres para terceiros, enquanto o colega era executivo do banco.
Fonte: Valor Econômico

