Por Guilherme Pimenta e Estevão Taiar, Valor — Brasília
29/08/2022 14h53 Atualizado há 26 minutos
O custo médio de emissão da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) alcançou em julho o maior patamar desde maio de 2017. No mês passado, o indicador atingiu 12,09%, sempre acumulado em 12 meses, contra 12,03% em junho. Os números foram divulgados nesta segunda-feira pelo Tesouro Nacional no Relatório Mensal da Dívida (RMD).
Apesar de ter chegado ao maior nível em mais de cinco anos, já é possível observar “sinais positivos” no custo médio de emissão, afirmou o coordenador-geral de operações da dívida pública do Tesouro Nacional, Luis Felipe Vital, em entrevista coletiva para comentar os dados. Ele citou como exemplo o caso das NTB-Bs, títulos indexados à inflação, cujo custo médio de emissão passou de 17,5% em junho para 15,5% no mês passado.
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“Isso se deve basicamente a indicadores de inflação, que vieram mais benignos no último mês, principalmente”, disse o coordenador-geral. Em julho, principalmente por causa dos cortes de impostos promovidos pelo governo federal, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês com deflação de 0,68%. Economistas têm alertado, no entanto, que as medidas podem não ser sustentáveis do ponto de vista fiscal.
Além disso, o Tesouro informou que optou por não revisar em agosto o Plano Anual de Financiamento (PAF), quando tradicionalmente isso é feito. Segundo a autarquia, a avaliação realizada ao longo do mês “apontou que a execução [a administração da dívida] está em linha com os cenários previstos na elaboração do documento [PAF], não sendo necessária uma revisão formal ou alteração na estratégia de financiamento”.
Os números divulgados mostraram que a Dívida Pública Federal (DPF) alcançou R$ 5,8 trilhões em julho, recuo em relação a junho, quando o indicador estava em R$ 5,84 trilhões. A DPMFi alcançou R$ 5,55 trilhões em julho, contra R$ 5,59 trilhões no mês anterior.
O colchão de liquidez da dívida pública terminou o último mês em R$ 1,17 trilhão, contra R$ 1,22 trilhão em junho, queda de 3,58%. Para os próximos 12 meses, estão previstos vencimentos de R$ 1,40 trilhão. Assim, o colchão era suficiente para cobrir o vencimento da dívida 9,49 meses à frente — patamar considerado confortável. O Tesouro também destacou que o valor permanece acima do limite prudencial de três meses, que em julho equivale a R$ 505 bilhões.
Vital destacou ainda dois fatores que impactaram positivamente a reserva de liquidez no mês passado: desvinculação de fundos e uso de outras fontes de receita, como também o recebimento de dividendos. No primeiro caso, o impacto foi de R$ 48 bilhões. No segundo, R$ 7 bilhões.
Por fim, o Tesouro afirmou no sumário-executivo do RMD que, em agosto, “houve melhora nas perspectivas de inflação doméstica e ajuste nas expectativas do mercado quanto à proximidade do fim do ciclo de aperto”. Assim, “esse movimento se refletiu na curva de juros doméstica, que perdeu nível e inclinação no mês”.
Fonte: Valor Econômico
