Por Andrew Langley, Bloomberg
11/09/2023 10h20 Atualizado há 12 horas
A Comissão Europeia reduziu sua perspectiva para a economia da zona do euro, prevendo que ela será contida este ano por uma contração na Alemanha. O PIB do bloco dos 20 países que compartilham o euro deverá crescer 0,8% em 2023, comparado a uma previsão anterior de 1,1%, segundo projeções atualizadas divulgadas ontem pelo braço executivo da União Europeia (UE). A previsão para o ano que vem foi reduzida na mesma proporção, para 1,3%.
A mudança das expectativas é em grande parte culpa da maior economia da região, a Alemanha, para a qual se esperava um crescimento em 2023, mas que agora enfrenta uma queda de 0,4%. A Holanda tinha uma previsão de crescimento de 1,8%, que foi revista para 0,5%. Por outro lado, Espanha e França estão na outra ponta desse espectro e deverão ajudar na expansão do PIB.
A inflação permanecerá elevada e não recuará para a meta do Banco Central Europeu (BCE), de 2%. Ela deverá ficar em 5,6% este ano, um pouco menos do que o previsto anteriormente. No entanto, em 2024 ela será um pouco maior que a previsão anterior, devendo chegar a 2,9%.
Os novos números poderão alimentar temores de que a zona do euro esteja presa a um período prolongado de crescimento reduzido e inflação acima da meta. Eles também podem fornecer uma amostra provável das próprias perspectivas trimestrais do BCE, que devem ser anunciadas na quinta-feira e ajudarão as autoridades a determinar se prolongarão ou interromperão a série histórica de altas das taxas de juros.
“A fraqueza da demanda interna, em especial o consumo, mostra que os preços elevados, e ainda em alta, da maior parte dos bens e serviços, estão tendo um forte impacto”, disse a Comissão Europeia. “O ímpeto de crescimento mais fraco da UE deverá se estender até 2024 e o impacto da política monetária apertada deverá continuar restringindo a atividade econômica.”
Apesar de ter conseguido evitar uma recessão depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, a zona do euro está lutando com os preços mais altos da energia, um aumento dos custos dos empréstimos e a queda da demanda em mercados de exportação, como a China.
Dados divulgados na semana passada revelaram que o PIB do bloco pouco cresceu no segundo trimestre, e este foi revisto para baixo em razão das vendas fracas nos mercados externos. Pesquisas com gerentes de compras apontam para um terceiro trimestre difícil, com o setor de serviços da Europa seguindo o setor industrial na tendência de contração.
Em nenhum outro lugar esses problemas são mais evidentes do que na Alemanha, que vem sendo afetada principalmente por uma queda do setor industrial. Após uma desaceleração primeiro trimestre, a economia não conseguiu crescer no segundo trimestre e poderá encolher 0,3% no terceiro, segundo previsão feita na semana passada pelo Kiel Institute.
“É claro que a economia alemã tem um impacto para os outros países”, disse Paolo Gentiloni, comissário de Economia da União Europeia, em uma entrevista coletiva. “No geral, se a maior economia do bloco tiver um crescimento negativo — mesmo ligeiramente negativo —, isso afeta todos.”
Falando mais tarde com a Bloomberg Television, ele amenizou os riscos de estagflação na Europa. “É cedo demais para dizer se estamos num quadro de estagflação. Isso é algo de longa duração? Nossa estimativa é que teremos uma recuperação já no próximo ano.”
No entanto, o cenário desfavorável preocupa várias autoridades do BCE, que afirmam que é hora de pôr um fim na forte campanha de aperto monetário iniciada há pouco mais de um ano. Outros, porém, já sinalizaram estar confortáveis com uma recessão branda se isso for necessário para trazer a inflação de volta à meta de 2%.
Os investidores “talvez” estejam subestimando a probabilidade de um décimo aumento seguido dos juros, disse à Bloomberg na semana passada Klaas Knot, membro do conselho diretivo do BCE.
“O aperto monetário poderá ter um peso maior que o esperado sobre a atividade econômica”, disse a Comissão.
Uma pesquisa entre analistas feita antes pela Bloomberg revelou ontem uma visão mais pessimista que a da Comissão Europeia. Segundo esses analistas, a economia da zona do euro deverá crescer 0,6% em 2023 e 0,8% em 2024.
Fonte: Valor Econômico
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