13 Mar 2024 JULIE CHABANAS
A inflação acelerou em fevereiro nos Estados Unidos. Na medição mês a mês, o índice passou de 0,3% em janeiro para 0,4% em fevereiro. Apesar da alta, o número está dentro do esperado pelos analistas, segundo levantamento do site MarketWatch com economistas. Em 12 meses, a alta acumulada dos preços ao consumidor foi de 3,2%, frente a 3,1% em janeiro, segundo informou o Departamento do Trabalho ontem.
A alta no índice é explicada por aumentos nos custos de moradia, gasolina e passagens de avião. O dado esfria as expectativas de um rápido corte das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
No entanto, o dado positivo é que a inflação subjacente, que exclui os preços mais voláteis, como alimentação e energia, se mostrou moderada na medição mensal (a 0,4%) e, em 12 meses, marcou 3,8% em fevereiro frente aos 3,9% em janeiro. O dado anual é o mais baixo desde maio de 2021.
A taxa básica de juros dos EUA está em um patamar de 5,25% a 5,50%, com o objetivo de conter a inflação. Subir as taxas desestimula o acesso ao crédito e com isso o consumo e o investimento, diminuindo a pressão sobre os preços.
O mercado espera um rápido corte das taxas que diminua o preço do dinheiro e estimule a economia. O Fed, que usa muitos outros indicadores para tomar suas decisões sobre juros, tem como meta uma inflação de 2% ao ano.
O Fed sinalizou que está aguardando sinais de um declínio duradouro na inflação para iniciar os cortes. A próxima reunião de política monetária do Banco Central americano está marcada para a semana que vem.
‘PRUDÊNCIA’. Os dados de ontem “reforçarão a prudência dos gestores do Fed”, disse Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide, que apontou para um primeiro corte nas taxas em maio, mas agora estimou que “é cada vez mais provável que (o Fed) espere pelo menos até junho”. A previsão coincide com as estimativas de mercado, segundo dados coletados pelo CME Group.
De acordo com Ryan Sweet, economista-chefe da Oxford Economics, os números atuais não encorajam a autoridade monetária a “pensar que a inflação está em uma trajetória sustentada em direção ao seu objetivo de 2%”.
EQUILÍBRIO. O Fed “pode e vai” começar a cortar suas taxas de juros este ano se a tendência econômica se mantiver, afirmou na semana passada o presidente do banco central americano, Jerome Powell, em Washington. “O que estamos vendo é um crescimento forte e contínuo (da economia), um mercado de trabalho forte e progressos constantes para uma queda da inflação”, disse Powell à Comissão de Política Econômica do Senado em uma audiência periódica.
O Fed tenta manter um delicado equilíbrio, pois “cortar muito cedo ou muito” as taxas de juros pode voltar a pressionar a inflação e levar rapidamente a novos aumentos de taxas, explicou Powell. Porém, reduzi-las “muito tarde ou pouco pode enfraquecer desnecessariamente a atividade econômica e o emprego”.
A disparada dos preços destruiu o poder aquisitivo das famílias americanas e é um tema central da campanha eleitoral a menos de oito meses das eleições presidenciais que, salvo surpresas, irão colocar Joe Biden e Donald Trump frente a frente de novo. “Os preços dos principais produtos, como gasolina, leite, ovos e eletrodomésticos, estão mais baixos que há um ano”, disse Biden em um comunicado após a divulgação dos dados de fevereiro. E reiterou que ainda há “muito a fazer” para reduzir a carestia.
A inflação alcançou um pico de 9,1% em junho de 2022. O Fed espera alcançar seu objetivo de 2% em 2026. •
Fonte: O Estado de S. Paulo

