Entre a divulgação do comunicado do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre a retomada dos cortes de juros e o fim do pregão, os ativos passaram por forte oscilação ontem, sem um movimento alinhado. Os rendimentos dos Treasuries encerraram em alta. As bolsas americanas fecharam mistas, com o Dow Jones renovando sua máxima histórica.
Dinâmica parecida ocorreu na bolsa local: o Ibovespa voltou a renovar seu duplo recorde (intradiário e de fechamento) pela terceira sessão seguida. O dólar à vista teve leve valorização, em linha com o desempenho da moeda americana no exterior. Os juros futuros terminaram em leve queda, antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
A decisão do Fed atendeu a quase todas as expectativas do mercado. Assim como era esperado, a autoridade cortou os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa dos Fed funds para a faixa entre 4% e 4,25%; da mesma forma, a mediana do “dot plot” (gráfico de pontos) indicou mais duas reduções de mesma magnitude até o fim do ano. Por outro lado, o tom mais conservador do que o esperado do presidente do Fed, Jerome Powell, na coletiva de imprensa se contra pôs à leitura mais flexível do comunicado e levou a maioria dos ativos a devolver parte dos movimentos, aproximando-se do patamar visto antes da decisão.
Em Wall Street, o Dow Jones renovou sua máxima de fechamento, com alta de 0,57%, aos 46.018,32 pontos; o S&P 500 caiu 0,10%, aos 6.600,35 pontos; e o Nasdaq recuou 0,33%, aos 22.261,326 pontos.
No fim do dia, os juros da T-note de dois anos subiam para 3,564%, de 3,512% no fechamento anterior, e a taxa do papel de dez anos operava perto das máximas, em 4,089%, de 4,035%. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, registrava alta de 0,37%, aos 96,996 pontos.
Para o estrategista de câmbio do J.P. Morgan, Patrick Locke, o movimento de reversão do desempenho do dólar no exterior, que devolveu as perdas e passou a subir durante a coletiva de Powell, pode ser atribuído ao tom mais conservador do dirigente. Locke destaca que o presidente do Fed defendeu que o corte de ontem foi um “ge renciamento de risco” e que poderia ser justificado pela deterioração do mercado de trabalho.
Para o economista-chefe da Brasilprev, Robson Pereira, a decisão do Fed mostrou a “postura técnica” da autoridade. “É uma decisão em que não temos o desespero do ponto de vista de atividade econômica, ainda que Powell reconheça que os riscos mudaram. Os riscos eram mais na direção da inflação e agora estão mais neutros, mais equilibrados.”
No Brasil, a confirmação do corte do Fed fez o Ibovespa renovar – pela terceira sessão seguida – seu recorde duplo: intradiário, aos 146.331 pontos; e de fechamento nominal, aos 145.594 pontos, com valorização de 1,06%.
Os juros futuros tiveram leve queda. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 oscilou de 14,885%, do ajuste anterior, a 14,89%; a do DI de janeiro de 2027 teve leve queda de 13,95% para 13,94%; a do DI de janeiro de 2029 mostrou recuo modesto de 13,065% a 13,05%; e a do DI de janeiro de 2031 cedeu de 13,27% para 13,23%. O dólar à vista, por sua vez, fechou estável, com alta de 0,06%, a R$ 5,3012.
Fonte: Valor Econômico

