Por Larissa Garcia e Alex Ribeiro, Valor — Brasília
26/09/2023 09h33 Atualizado há 22 minutos
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central levantou, na ata de sua última reunião divulgada há pouco, quatro possibilidades para um crescimento econômico “mais resiliente” nos últimos trimestres.
Segundo o documento, o comitê travou “um amplo debate” sobre o tema. “A primeira possibilidade é que a pujança do setor agropecuário tenha tido efeitos indiretos sobre outros setores na economia, o que é corroborado nos dados, mas não justifica toda a magnitude da surpresa”, disse.
Outra possibilidade é que a elevação da renda disponível, seja em função do dinamismo do mercado de trabalho, da queda de preços de alimentos ou de programas de transferência de renda, também tenha fornecido algum suporte para o consumo.
“O comitê se deteve sobre esse tema, identificado como muito relevante, e destacou que a conjectura de um crescimento sustentado pela elevação da renda é corroborada pela resiliência no consumo de serviços das famílias. Ademais, discutiu-se, consequentemente, o possível impacto que poderia ocorrer sobre a dinâmica da inflação de serviços em caso de um crescimento sustentado pela renda e pelo consumo”, ressaltou.
A terceira hipótese, que de acordo com a ata tem menor impacto sobre variações de curto prazo, seria uma taxa de juros neutra mais elevada. “O Comitê, entretanto, decidiu manter sua avaliação mais recente sobre a taxa neutra publicada no Relatório de Inflação de junho de 2023 [de 4,5%]”, destacou.
Por fim, o colegiado debateu se o crescimento potencial teria se elevado nos últimos trimestres em função de reformas econômicas e “avanços institucionais”. “Ainda que julgue nesse momento prematuro reavaliar o crescimento potencial, o comitê pondera que a persistência de um crescimento resiliente nos próximos trimestres sem impacto inflacionário pode, no futuro, levar a uma reavaliação do crescimento potencial”, ponderou.
Segundo o documento, cada uma dessas quatro possibilidades tem implicações diferentes para a condução da política monetária.
Cenário externo
O comitê também debateu as causas para a resiliência da atividade econômica de diversas economias, em paralelo ao processo desinflacionário, mesmo com ciclos de aperto monetário historicamente intensos.
“Alguns membros notaram impactos latentes de impulsos fiscais ainda elevados em importantes economias. Entretanto, enfatizou-se que a determinação dos bancos centrais em levar a inflação para a meta e a credibilidade conquistada, permitindo uma ancoragem sólida das expectativas de inflação, têm contribuído para a ocorrência de processos de desinflação envolvendo menores sacrifícios em termos de atividade”, analisou.
Fonte: Valor Econômico

