Após ter sinalizado recuperação do otimismo em abril, a confiança do consumidor brasileiro voltou a cair em maio e retornou ao patamar pessimista, segundo o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pelo Instituto Ipsos.
O indicador marcou no mês passado 48,6 pontos, numa escala de 0 a 100 – pontuação abaixo de 50 indica pessimismo -, menor patamar desde agosto de 2022. Na comparação com abril, a queda foi de 2,7 pontos. Em relação a maio de 2024, a queda foi de 3,1 pontos, sexta maior entre os 30 países pesquisados.
O indicador brasileiro apresenta quedas desde 2024 e em fevereiro deste ano atingiu menos de 50 pontos pela primeira vez desde o início do atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em março, o indicador apresentou variação positiva e em abril voltou a marcar mais de 50 pontos.
Inflação de alimentos, tensão sobre juros e clima política pesam para resultado brasileiro
Com o resultado de maio, o país ficou na 13ª colocação entre os países pesquisados, queda de três postos em relação a março, quando ocupava o décimo lugar.
“Após oscilações positivas por dois meses, o país retoma a tendência mais longa de queda e volta ao nível de pessimismo do consumidor. A reversão de expectativa está alinhada com a recente piora nas perspectivas econômicas”, diz Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil.
Para ele, contribuem para o aumento da incerteza a alta persistente nos preços dos alimentos, a tensão sobre juros futuros e o clima político “cada vez mais polarizado”. “Algumas notícias que trouxeram respiro nos dois meses anteriores aparentam não ser suficientes para reverter mais permanentemente a tendência de queda.”
No cenário internacional, a África do Sul registrou a maior alta na comparação mensal, de 7,2 pontos, resultado que reflete expectativas mais positivas com a proximidade das eleições e sinais de estabilização no câmbio e no emprego do país, segundo Calliari. O país ocupa a oitava posição entre os países pesquisados, com 50,7 pontos.
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O Canadá registrou a segunda maior alta no período, de 2,8 pontos. O CEO da Ipsos no Brasil afirma que dados mais animadores do mercado imobiliário e sinais de resiliência econômica podem ter influenciado a “primeira alta relevante do ano” do país, que ocupa a 15ª colocação, com 48,2 pontos.
As duas maiores quedas na comparação mensal foram de Cingapura e Tailândia, de 7,7 e 4,7 pontos, respectivamente. Enquanto Cingapura caiu da segunda para a sexta colocação, com 52 pontos, a Tailândia caiu da sexta para 11ª colocação, com 49,8 pontos.
Os Estados Unidos apresentaram a terceira queda consecutiva na comparação mensal, de 2,9 pontos, e marcaram 50 pontos. Nos últimos seis meses o país, que ocupa a décima colocação do ranking, acumula mais de sete pontos de retração, segundo Calliari. “Um sinal claro de desgaste diante de um cenário de juros altos, inflação persistente e desconfiança política”, afirma.
Na 17ª colocação em maio, a Argentina registrou alta depois de duas quedas consecutivas, subindo de 46,1 para 47,7 pontos em maio, ainda abaixo da linha de neutralidade. Em janeiro e fevereiro, o país chegou a marcar mais de 50 pontos, mas desde março não voltou a esse patamar. “Apesar das reformas e do corte de gastos promovidos pelo novo governo, a confiança da população ainda não acompanhou o discurso de recuperação”, afirma Calliari.
Fonte: Valor Econômico
