A confiança do consumidor registrou em novembro a mais forte alta em quase dois anos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Nesta segunda-feira, a fundação anunciou alta de 2,6 pontos no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) desse mês, para 95,6 pontos. Foi a mais intensa elevação desde dezembro de 2022 (3,4 pontos), e levou o índice ao maior patamar desde abril de 2014 (96,6 pontos), informou Anna Carolina Gouveia, economista da FGV. O atual cenário de emprego em alta, principalmente com mais oportunidade para consumidores de baixa renda, ajudou a compor o resultado favorável, explicou.
“O resultado foi muito puxado por expectativas”, acrescentou a técnica. Nos dois subindicadores componentes do ICC, o Índice de Situação Atual (ISA) aumentou 0,6 ponto, para 84,3 pontos, e o Índice de Expectativas (IE) avançou 3,7 pontos, para 103,4 pontos.
A especialista admitiu que o elevado patamar de endividamento das famílias ainda é uma questão importante no orçamento familiar. No entanto, a economista ponderou que, de maneira geral, as famílias em novembro aguardam melhora em finanças familiares, no futuro, confiantes na continuidade de melhora no mercado de trabalho.
Por isso, continuou ela, entre os quesitos que compõem o ICC, os relacionados a consumo futuro também foram destaque, bem como os que projetam melhora no orçamento, nos próximos meses. O ímpeto de compras de bens duráveis foi o que apresentou maior contribuição para a alta da confiança no mês, com alta de 8,8 pontos, para 96,8 pontos, maior nível desde julho de 2014 (96,8 pontos). Já o indicador que mede perspectivas para finanças futuras das famílias avançou em 3,3 pontos, para 107,1 pontos, em novembro.
“O resultado mostra que há expectativa de melhora no orçamento familiar e embasada em mercado de trabalho ainda muito forte, e com emprego”, resumiu. Ao término de outubro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego ficou em 6,4% no trimestre encerrado em setembro. Foi a segunda menor taxa de desocupação da série histórica do instituto, iniciada em 2012, só perdendo para a do trimestre encerrado em dezembro de 2013 (6,3%).
Além disso, o indicador da FGV sugere que, entre os consumidores mais otimistas com continuidade de melhora no emprego, estão os de baixa renda. A análise por faixas de renda do ICC mostrou alta de 8,4 pontos na confiança dos consumidores com renda até R$ 2.100. Foi a maior elevação de confiança desde junho de 2020 (12,3 pontos), informou.
Para a técnica, esse aumento expressivo na confiança de famílias de menor renda pode ter a ver com aumento de inserção dessa faixa ao mercado formal de trabalho. Ela comentou que, na prática, o consumidor com emprego formal tem acesso a um número muito maior de benefícios do que quando empregado em informalidade. Isso confere maior predisposição para compras, opinou.
Ao falar sobre continuidade de confiança do consumidor em alta, a economista foi cautelosa. Como o ICC mostrou elevação mais alavancada por expectativas favoráveis, ela considerou que, em sua análise, seria melhor aguardar próximos resultados do indicador, para mensurar tendências.
— Foto: Roberto Moreyra/Agência O Globo
Fonte: Valor Econômico

