As commodities agrícolas e extrativas ganharam mais espaço nas exportações brasileiros em 2023 não só para a China como também aos países vizinhos, o que mudou o perfil da pauta exportadora no ano.
Juntos, petróleo, minério de ferro e soja tinham 8,5% das vendas para a América do Sul em 2019. No ano passado a fatia subiu para 15,6%. Somado ao milho, outra commodity agrícola que aparece entre os dez mais embarcados no ano passado, a participação foi de 9,3% a 17,5% no mesmo período de quatro anos. Há dez anos a fatia era de 12,1%. Dos quatro produtos, apenas o petróleo estava entre os dez mais vendidos pelo Brasil à região em 2019.
O avanço das commodities se deu por convergência de vários fatores. Alguns conjunturais, como a seca que quebrou mais de 40% da safra de grãos argentina em 2023, mas também houve fatores considerados mais estruturais, como o crescimento das vendas externas de petróleo baseado em aumento da produção doméstica, indicam especialistas. Preços ainda relativamente favoráveis para exportação também contribuíram.
Ao contrário das commodities, os automóveis, incluindo os destinados para transporte de passageiros e de mercadorias, assim como partes e acessórios, perderam espaço nas exportações aos sul-americanos. A fatia caiu de 18,5% em 2019 para 14,7% em 2023.
Item tradicional na pauta de embarques aos países vizinhos, os automóveis para passageiros lideraram o ranking até 2020. Em 2021 os carros praticamente empataram com o petróleo e em 2022 perderam a posição para a commodity. Em 2023, o petróleo se manteve como o principal produto exportado pelo Brasil aos sul-americanos, seguido de veículos para passageiros e em terceiro, a soja. Nesse ranking, o minério de ferro subiu do 13º lugar em 2019 para o oitavo no ano passado. O milho, do 23º para o sétimo. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic).
O avanço das commodities agrícolas e extrativas na região, diz Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, refletiu em parte o que aconteceu também na exportação brasileira como um todo em 2023. No ano passado a soja liderou a exportação brasileira geral, com fatia de 16%. “Houve um cenário atípico positivo para o Brasil, que teve uma supersafra do grão, o que possibilitou exportação gigante a preços robustos, apesar da desaceleração no decorrer de 2023. Ao mesmo tempo, houve quebra de safra local na Argentina, o que levou o país vizinho a comprar soja brasileira”, afirma.
Fonte: Valor Econômico

