Por Bloomberg
02/09/2022 05h03 Atualizado há 4 horas
A megacidade de Chengdu, no sudoeste da China, colocou ontem em lockdown seus 21, diante de um crescente surto de novos casos de covid-19. As novas restrições são as maiores desde que Xangai ficou quase três meses sob rígido lockdown no primeiro semestre do ano.
Os moradores de Chengdu foiram avisados do fechamento apenas seis horas antes de a medida entrar em vigor. Apenas um morador por família será autorizado a deixar sua casa para abastecer-se com alimentos e remédios. Não há previsão para o levantamento das restrições.
Chengdu teve mais de 900 novos casos em 10 dias.
Em todos os lugares da cidade, conhecida por seu santuário de pandas, as prateleiras dos supermercados foram esvaziadas em poucas horas enquanto motoristas ansiosos enchiam as ruas tentando chegar em casa. Como em Xangai, o governo local afirmou que haveria pelo menos três dias de testes compulsórios em massa entre ontem e domingo.
As incertezas em Chengdu ressaltam o quanto a vida nas megacidades da China – das quais há 17 com populações de 10 milhões de pessoas ou mais – deu uma guinada drástica este ano com a chegada de variantes mais transmissíveis da covid-19. Embora as infecções sejam muito menores do que em muitos outros países, as autoridades seguem uma cartilha de bloqueios precoces e rigorosos para cortar as cadeias de transmissão.
Há pressão adicional para domar os surtos na preparação para o congresso do Partido Comunista Chinês no final deste ano, quando o presidente Xi Jinping deve garantir um terceiro mandato como líder e possivelmente Pequim abrirá mão de sua rígida estratégia de covid-zero.
Capital da província de Sichuan, Chengdu é a quarta megacidade chinesa a ser fechada este ano, em comparação com apenas duas em 2021 e nenhuma em 2020 após a crise de Wuhan – o vírus cqausado da covid foi detectado pela primeira vez foi detectado – ter diminuído.
As notícias sobre o lockdown em Chengdu foram acessadas por quase 500 milhões de visualizações a partir das 16 horas de ontem na plataforma Weibo, semelhante ao Twitter da China. Muitos expressaram resignação, como os bloqueios recorrentes, testes contínuos e rastreamento de contato rigoroso, que tornaram-se eventos cotidianos na vida dos chineses.
“É tão difícil, estou deitada e vou dormir agora”, disse Roxie Huang, usando uma expressão popular que se refere ao tédio enfrentado pelos jovens. “Muito do comportamento na era da pandemia realmente não tem uma causa racional”, disse Huang.
Em Xangai e outras cidades, as pessoas foram presas pelas autoridades por incitar o pânico ao espalhar “rumores” sobre restrições iminentes – confirmados mais tarde pelos governos locais.
Chengdu é uma cidade economicamente menos importante do que Xangai. Ela responde por 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) a do país, em comparação com os 3,8% de Xangai.
Mas abriga empresas de tecnologia e montadoras, incluindo Toyota Motor Corp. e VW China.
“Não esperamos perdas como em Xangai”, escreveu David Qu, economista chinês da Bloomberg Economics, em nota, ontem. “Mas deve haver um impacto generalizado no sentimento de que futuros danos possam causar impacto direto na economia em outras partes da China.” Essas paralisações põem em risco a previsão de crescimento de 4,5% no terceiro trimestre, escreveu ele.
Hu, um funcionário de uma empresa estatal de 45 anos, e sua família começaram a fazer as malas logo após o anúncio das autoridades, com o objetivo de deixar seu apartamento na cidade de Chengdu para uma residência maior nos subúrbios para enfrentar o que viesse.
“Temos uma casa de campo mais espaçosa, onde minha família e eu podemos fazer algumas atividades ao ar livre no jardim durante o bloqueio”, disse Hu, que pediu para ser identificado pelo sobrenome por medo de falar. “Mas eu terei de deixar atividades importantes aqui”, afirmou. Por conta do lockdown, o início do novo período letivo foi adiado, embora o transporte público continue funcionando e os cidadãos possam deixar a cidade sem apresentar uma justificativa especial.
Medidas semelhantes deixaram milhões de pessoas presas em suas casas em Dalian, no nordeste do país.
Fonte: Valor Econômico

