A tensão entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos escalou após a decisão dos americanos de investigar práticas comerciais supostamente “injustas” dos brasileiros, e agora a discussão parece muito mais política, o que afasta a possibilidade de acordo entre os países e embute mais incerteza sobre o desempenho do mercado de renda fixa do Brasil. A avaliação é do time de estrategistas do Citi, que decidiu liquidar posições em títulos prefixados que apostavam na queda das taxas.
De acordo com relatório assinado pelo chefe global de estratégia de mercados emergentes do Citi, Luis Costa, e o estrategista de câmbio e renda fixa Ivan Riveros, o banco americano fechou a posição aplicada em NTN-F 2031 com a taxa do papel no patamar de 14,09% e um ganho de 2,23% (ou US$ 1.057.544). O Citi havia iniciado a operação em 19 de maio.
“Embora permaneçamos estruturalmente otimistas com a renda fixa do Brasil, pois continuamos a ver sinais de moderação tanto na inflação quanto no crescimento, reduzimos parte dessa exposição”, afirmam Costa e Riveros.
De acordo com os estrategistas, ainda que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha reiterado que busca negociar um acordo com o governo do presidente americano, Donald Trump, a postura agressiva dos Estados Unidos e a melhora da popularidade de Lula com o conflito comercial sugerem que será difícil que os dois países cheguem a um acordo bilateral.
“A discussão agora parece extremamente politizada, girando em torno do ex-presidente [Jair] Bolsonaro, o que não apenas deu um impulso ao presidente Lula nas pesquisas recentes, mas também implica menos margem de manobra para que os governos de Lula e Trump encontrem um terreno comum”, avaliam Costa e Riveros.
Além de liquidar a aplicação em NTN-F 2031, o Citi reduziu a exposição ao Brasil no seu portfólio de renda fixa de países emergentes, de “overweight” para “neutra”. O banco, porém, mantém posição aplicada em títulos públicos offshore com vencimento em 2031.
Fonte: Valor Econômico

