Ações da companhia subiram 6,8% ontem, a maior alta do índice Bovespa
Por Felipe Laurence e Ana Luiza de Carvalho — De São Paulo
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Os estudos para a cisão das operações da Natura e Avon, anunciados na segunda-feira (6) pela companhia de cosméticos, tiveram boa aceitação pelo mercado financeiro. As ações da Natural subiram 6,8%, cotadas a R$ 17,15, liderando as altas do índice Bovespa – atingindo o maior valor desde 1º de agosto de 2023.
A possível cisão das operações é a etapa final que a companhia precisa para simplificar suas operações e aumentar a geração de valor das suas ações, diz o Bradesco BBI. O analista Felipe Cassimiro escreve que as operações da Natura América Latina poderiam ter múltiplos mais elevados como uma entidade separada, em linha com os valores que as ações da Natura &Co tinham entre 2016 e 2017.
No entanto, há algumas dúvidas a serem respondidas antes de uma avaliação mais precisa, como os termos do novo acordo comercial entre Natura e Avon e a estrutura de capital de ambas.
“Vemos benefícios da divisão das operações na América Latina, uma vez que a unidade de negócios tem margens mais altas e está em um estágio mais avançado de integração e potenciais sinergias entre Natura e Avon”, diz o banco.
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O Citi também ressalta a busca pela simplificação dos negócios a como um fator favorável à companhia. Os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo escrevem que as margens da Natura América Latina e suas melhores perspectivas de crescimento devem impulsionar as ações da companhia.
Eles calculam que as ações da Natura são negociadas a 7,5 vezes o Ebitda. Após o processo de cisão, Natura América Latina seria negociada entre 7 e 8 vezes, enquanto Avon a 5 e 6 vezes. O Citi tem recomendação de compra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 21.
Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, da XP, ressaltam que mesmo se a Natura América Latina incorrer em maiores custos relacionados a royalties da Avon, isso deve ser mais do que compensado pela estrutura de capital mais leve. “Levando em consideração o prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão da Avon Internacional nos nove primeiros meses de 2023, estimamos que a separação poderia destravar valor olhando o preço-lucro, potencialmente abaixando o múltiplo”, afirmam.
A corretora acredita que a operação deve se materializar em uma janela de tempo relativamente curta, uma vez que a companhia levou de três a seis meses para as vendas da Aesop e The Body Shop. A XP tem recomendação de compra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 20.
Separar as operações ajudaria a companhia a simplificar sua estrutura e retirar a pressão das operações internacionais, diz o J.P. Morgan. Em relatório, os analistas Joseph Giordano, Guilherme Vilela e Nicolas Larrain observam que a operação não deve destravar sinergias, mas pode gerar valor, uma vez que investidores atribuem valor negativo às operações da Avon nas ações.
O valor a ser gerado pode ser 5% a 10% maior que os atuais, o que torna o maior mérito da operação a simplificação das operações ao segregar os negócios que têm dinâmicas e necessidades diferentes, dizem. O J.P. Morgan tem recomendação de compra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 19.
A simplificação de portfólio tem sido o mantra da Natura &Co nos últimos trimestres. A primeira movimentação foi o anúncio de que estudava a venda da Aesop, marca australiana de luxo. Após meses de negociações, a L’Oreal comprou os direitos da marca por R$ 2,5 bilhões.
Outra operação do último ano foi o acordo de venda da marca The Body Shop à gestora alemã Aurelius, por 207 milhões de libras. Com a venda das empresas, a Natura reverte o caminho de expansão internacional e consolidação da indústria de beleza, perfumaria e itens de higiene pessoal. A expectativa é de que, com a estrutura mais enxuta, a companhia fortaleça as sinergias no modelo de consultores de beleza, intensificando as promoções para pedidos conjuntos das marcas Natura e Avon.
Fonte: Valor Econômico