- O Estado de S. Paulo.
- 20 Apr 2022
- APOORVA MANDAVILLI, DO THE NEW YORK TIMES
Uma pequena empresa de biotecnologia que anunciou um novo tratamento para a doença de Alzheimer agora está sendo criticada por irregularidades em seus resultados de pesquisa, depois que vários estudos relacionados ao seu trabalho foram retirados ou questionados por revistas científicas. A Cassava Sciences, com sede em Austin, Texas (EUA), anunciou em 2021 que seu medicamento Simufilam melhorou a cognição em pacientes de Alzheimer em um pequeno ensaio clínico, descrevendo esse resultado como o primeiro avanço no tratamento da doença. Mais tarde, a empresa iniciou um ensaio maior.
O potencial da droga atraiu a atenção dos investidores. A doença de Alzheimer afeta cerca de 6 milhões de americanos, um número que deve dobrar até 2050, e um tratamento eficaz seria lucrativo. As ações da Cassava Sciences chegaram a subir mais de 1.500%. A empresa valia quase US$ 5 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões) no verão passado. Mas cientistas têm sido céticos em relação às alegações da empresa, afirmando que os estudos da Cassava
Sciences eram falhos, seus métodos eram opacos e os resultados, improváveis.
As famílias de alguns participantes do estudo disseram que veem melhorias. Mas os críticos notaram que o estudo relatando melhor cognição por uso do Simufilam não tinha um grupo placebo e afirmaram que os pacientes de Alzheimer não foram acompanhados por tempo suficiente para confirmar que quaisquer melhorias na cognição eram genuínas.
Alguns especialistas foram mais longe, acusando a empresa de manipular seus resultados científicos. Já o fundador e CEO da Cassava Sciences, Remi Barbier, disse que as alegações de manipulação de dados eram falsas.
Fonte: O Estado de S. Paulo