O Politburo, composto pelos 24 principais líderes do Partido Comunista da China, se comprometeu a reforçar as medidas fiscais do governo e a tornar a política monetária mais eficaz, intensificando os esforços para estabilizar o crescimento.
A reunião, comandada pelo presidente Xi Jinping, destacou que a política fiscal será expandida “de forma adequada”, informou na sexta-feira a agência oficial de notícias Xinhua. No entanto, a política monetária deve ser flexível, apropriada, direcionada e eficaz, com a palavra “forte” retirada da declaração.
O tom geral reafirmou as expectativas de economistas de que as autoridades da segunda maior economia do mundo se tornarão mais agressivas em relação ao objetivo de crescimento para 2024. Embora as metas anuais numéricas sejam tradicionalmente divulgadas em março, a reunião do Politburo e a próxima Conferência Central de Trabalho Econômico ajudam a definir o tom da política em 2024.
“No próximo ano, devemos prosseguir na busca do progresso, mantendo a estabilidade, facilitando a estabilidade por meio de medidas progressivas e construindo primeiro antes de romper”, de acordo com o comunicado.
Essa linguagem atribuiu mais peso ao desenvolvimento, implicando que a prevenção de riscos é secundária e que o crescimento econômico é mais importante, disse Larry Hu, chefe de economia para China no Macquarie Group.
A economia chinesa tem enfrentado vários desafios, com diversas medidas de apoio que não conseguiram causar muito impacto para reverter a crescente crise imobiliária do país. A fragilidade das finanças dos governos locais e a confiança dos consumidores em uma mínima histórica também pesam sobre o cenário.
A meta oficial de crescimento do governo, de cerca de 5% para 2023, é vista como alcançável entre economistas. Ainda assim, muitos consideraram o objetivo conservador quando foi definido no início deste ano.
“As autoridades estabeleceram um tom mais claro sobre a estabilização. Parecem mais interessadas em avançar, disse Bruce Pang, economista-chefe para a Grande China da Jones Lang Lasalle. Uma política fiscal mais forte vai se tornar a “principal força” na estabilização do investimento, do consumo e do crescimento, acrescentou.
As autoridades chinesas ofereceram mais estímulos recentemente, por exemplo, com a emissão de um valor adicional de 1 trilhão de yuans (US$ 140 bilhões) em títulos soberanos para apoiar gastos em infraestrutura. A medida aumentou as expectativas de que o apoio fiscal será fundamental para a estratégia do governo em 2024.
Uma política fiscal mais forte sugere que a taxa de déficit poderá ultrapassar novamente os 3%, disse Xing Zhaopeng, estrategista sênior do Australia & New Zealand Banking. O governo de Pequim adotou uma medida atípica em outubro ao elevar o déficit oficial deste ano para 3,8% do PIB, ultrapassando o tradicional limite de 3%.
A frase “facilitar a estabilidade por meio de medidas progressivas” na declaração sinaliza que a meta de crescimento do próximo ano pode ser fixada em 5%, disse Xing.
A mudança na linguagem da política monetária indica uma abordagem mais cautelosa em relação a amplas medidas de estímulo e um maior foco em ferramentas específicas, de acordo com alguns economistas. A magnitude dos cortes nas taxas de juros e no índice de reservas obrigatórias dos bancos pode ser menor no próximo ano do que em 2023, disse Xing, do ANZ.
Autoridades da China prometeram melhorar o dinamismo da economia e “solidificar” o momentum da recuperação. Também se comprometeram a melhorar a qualidade do crescimento econômico, alcançando ao mesmo tempo uma taxa de expansão razoável. O governo vai continuar a trabalhar na prevenção e resolução de riscos em áreas-chave, provavelmente sugerindo problemas no setor imobiliário e na dívida do governo local.
Além das políticas econômicas, a reunião também discutiu medidas anticorrupção e reviu os regulamentos do partido sobre ações disciplinares. O governo de Pequim tem reprimido a corrupção no setor financeiro, bem como entre militares.
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— Foto: Ng Han Guan/AP
Fonte: Valor Econômico

