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O superávit comercial da China está a caminho de atingir um novo recorde este ano, colocando o país em rota de colisão com algumas das maiores economias do mundo ao agravar o desequilíbrio no comércio global, o que pode provocar o presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
A diferença entre as exportações e importações chinesas deve chegar a quase US$ 1 trilhão se continuar a crescer no mesmo ritmo observado até agora, de acordo com cálculos da Bloomberg. O superávit no comércio de bens disparou para US$ 785 bilhões nos primeiros dez meses, segundo dados divulgados na semana passada, o maior valor já registrado para o período e um aumento de quase 16% em relação a 2023.
“Com os preços da exportação chinesa ainda em queda, o crescimento do volume de exportações foi enorme,” disse Brad Setser, membro sênior do Conselho de Relações Exteriores, na plataforma X. “A história geral é de uma economia que novamente está crescendo com base nas exportações.”
A China tem contado mais com as exportações para compensar a fraqueza da demanda interna, que Pequim só recentemente vem tentando corrigir ao injetar estímulos na economia.
Esse quadro cada vez mais desequilibrado gerou oposição de um número crescente de países, e o futuro governo Trump provavelmente irá impor tarifas que reduzirão o fluxo de exportações para os EUA. Países da América do Sul à Europa já elevaram barreiras tarifárias contra produtos chineses, como aço e veículos elétricos.
Empresas estrangeiras também estão retirando dinheiro da China, com os passivos de investimento direto estrangeiro caindo nos primeiros nove meses do ano, segundo dados divulgados na sexta-feira. Caso essa queda continue até o final do ano, será o primeiro fluxo líquido anual de saída de IED desde pelo menos 1990, quando começaram os dados comparáveis.
A resposta de Pequim até agora tem sido prometer mais apoio às empresas, com o conselho de Estado anunciando na sexta que aumentaria o suporte financeiro para indústrias, a fim de promover o crescimento estável do comércio exterior, fomentar o desenvolvimento econômico e estabilizar o emprego.
As empresas chinesas têm aumentado seu desempenho de exportação nos últimos anos. Em contraste, a economia em desaceleração, o aumento da eletrificação e a substituição crescente de produtos estrangeiros por alternativas domésticas têm suprimido a demanda por importações.
O resultado em outubro foi o terceiro maior superávit da história, logo abaixo do recorde de junho. O superávit comercial calculado em yuans atingiu 5,2% do produto interno bruto nominal nos primeiros nove meses deste ano, o maior desde 2015 e bem acima da média da última década.
O superávit com os EUA subiu 4,4% até agora, neste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Aumentou 9,6% com a União Europeia e saltou quase 36% com os dez países do sudeste asiático na Asean, segundo os dados mais recentes.
Os desequilíbrios também estão crescendo com muitas outras nações. A China agora exporta mais produtos para quase 170 países e economias do que compra deles, o maior número desde 2021.
Uma guerra cambial pode estar surgindo também. O banco central da Índia afirmou que está preparado para deixar a rúpia enfraquecer caso a China permita que o yuan caia para contrabalançar as tarifas dos EUA.
Um yuan mais fraco tornaria as exportações chinesas mais baratas e ampliaria ainda mais o superávit com a Índia, que atingiu US$ 85 bilhões até agora este ano, 3% a mais que em 2023 e mais que o dobro do nível de cinco anos atrás.
Fonte: Valor Econômico

