Por Nikkei Asia — Hamburgo
26/06/2023 15h08 Atualizado há 18 horas
A China “deve fazer mais” para restaurar a confiança cada vez menor entre as empresas europeias que enfrentam a recuperação econômica pós-pandemia, disse o novo chefe da Câmara de Comércio da União Europeia (UE) na China, Jens Eskelund.
Ele assumiu a presidência da câmara de 1,8 mil membros no final de maio e disse que as primeiras semanas no cargo foram marcadas por visitas de delegações do governo em uma aparente ofensiva para tentar reparar a reputação ferida da China como um dos principais destinos de investimento.
“Embora isso represente uma mudança positiva em relação à situação pré-pandemia, quando geralmente lutávamos para chamar a atenção deles, resta saber se essa nova intensidade de engajamento produzirá resultados tangíveis”, disse Eskelund.
“O governo chinês deve fazer mais para restaurar a confiança de nossas empresas associadas de que, se colocarem seu dinheiro aqui na China, estarão seguros”, disse.
O sentimento de negócios estrangeiros na China caiu para baixas históricas durante a pandemia, enquanto as operadoras estrangeiras lutavam com repetidos lockdowns e outras restrições de movimento sob a estrita política de “covid zero” de Pequim. Isso levou alguns a recuarem sobre novos investimentos ou ameaçarem abandonar completamente o mercado chinês.
A euforia inicial do fim das restrições sanitárias deu lugar à queda da confiança, disse Eskelund, enquanto a segunda maior economia do mundo passa por uma recuperação fraca em meio às crescentes tensões com o ocidente.
Eskelund, que também é representante-chefe da companhia marítima dinamarquesa Maersk na grande China e no nordeste da Ásia, pediu que o governo reforce o acesso ao mercado para empresas europeias e crie um ambiente regulatório menos opaco.
“Provavelmente, tivemos expectativas irreais sobre a saída da China da pandemia e, embora ainda não vejamos empresas europeias correndo para sair daqui, não vimos uma única empresa europeia entrando na China desde que a covid-19 começou, três anos e meio atrás,” ele disse.
A mais recente pesquisa de membros da Câmara Europeia de Comércio na China, publicada na semana passada, ressalta as preocupações sobre a viabilidade das operações no país.
O relatório disse que 10% dos membros já mudaram ou planejam mudar sua sede na Ásia para fora da China, enquanto 53% não têm planos de expandir suas operações na China neste ano. Entre os entrevistados, 38% viram seus clientes e fornecedores chineses transferirem os investimentos para fora do país.
Esse sentimento pessimista está amplamente ligado ao ambiente de negócios mais volátil e aos resultados financeiros mais fracos.
Cerca de 64% das empresas pesquisadas disseram que fazer negócios ficou mais difícil em 2022, enquanto 30% dos entrevistados registraram quedas de receita no ano passado, em comparação com apenas 10% em 2021.
Fonte: Valor Econômico