Por Victor Rezende, Valor — São Paulo
08/03/2023 16h08 Atualizado há 16 horas
Com uma economia doméstica que tem registrado um “resfriamento relevante” e diante de repercussões ainda incertas do episódio das inconsistências contábeis da Americanas, “parece vir aumentando a chance de que o início de um ciclo de redução da taxa básica de juros seja, de fato, antecipado”. O apontamento é feito pelos economistas da LCA Consultores que, em relatório, observam que o Banco Central, com o objetivo de combater o risco de uma crise de desconfiança no mercado de crédito, pode “cogitar medidas que poderiam incluir a antecipação de um ciclo de flexibilização monetária”.
A precificação de cortes de juros já em maio, de fato, tem ganhado força nos últimos dias no mercado. No entanto, a LCA enfatiza que essa possibilidade de antecipação do processo de redução da Selic dependeria da combinação de dois fatores. “Primeiro, de que as muitas definições de política fiscal que estão por vir ajudem a moderar, e não a acentuar, as incertezas no ambiente doméstico; ou seja, que a definição do arcabouço fiscal reduza a percepção de risco e a desconfiança na condução da política econômica. Depois, de que as metas de inflação para os próximos anos sejam calibradas sem causar prejuízos à credibilidade do regime de metas e/ou dispersão adicional significativa das expectativas inflacionárias”, apontam.
Na visão dos economistas da LCA, é crescente a percepção, nos mercados, de que haverá uma redefinição das metas de inflação. Para eles, um ajuste moderado, que eleve as metas dos próximos anos para algo ao redor de 4% poderia ser um movimento recebido “sem sobressaltos” caso as incertezas fiscais sejam acomodadas. “Nessas circunstâncias, uma antecipação do ciclo de cortes da Selic poderia passar a ser a perspectiva preponderante.”
Fonte: Valor Econômico

