11 Mar 2024
A coalizão Aliança Democrática, de centro-direita, venceu ontem as eleições parlamentares de Portugal, disputadas voto a voto com a esquerda. Com 99% das urnas apuradas, a coalizão conquistou 79 assentos contra 77 do Partido Socialista (PS) e vai precisar negociar com o Parlamento para ter maioria e formar o governo. Em terceiro lugar ficou o Chega!, partido de extrema direita que confirmou seu avanço no país.
Crescimento Chega!, de extrema direita, amplia bancada de atuais 12 deputados para 48
Mesmo com 1% das urnas a serem apuradas e quatro cadeiras indefinidas, a vitória da Aliança Democrática foi reivindicada pelo seu líder, Luís Montenegro, do Partido Social Democrata (PSD), e reconhecida pelo socialista Pedro Nuno Santos. “Vai haver um novo primeiro-ministro, com um novo governo e com novas políticas”, disse o líder de centro-direita.
Agora, Montenegro tem o desafio de negociar com os partidos eleitos para obter pelo menos 116 dos 230 assentos parlamentares. Durante a campanha eleitoral, ele declarou diversas vezes que não iria fazer alianças com a extrema direita para formar o governo e reiterou o compromisso após a vitória. “Naturalmente cumprirei a minha palavra”, disse ao ser questionado sobre o tema.
CRESCIMENTO. Apesar da recusa, o apoio do Chega! pode ser crucial para formar a maioria. O partido aumentou de forma expressiva a sua bancada, de 12 deputados atuais para 48, mais do que o suficiente para formar a maioria caso haja a aliança. E o líder da legenda, André Ventura, já externou que está disposto a fazer parte do governo. “Os portugueses disseram claramente que querem um governo de dois partidos: do Chega! e da AD”, disse.
Ciente do seu avanço, o político afirmou ainda que os resultados indicaram o fim do bipartidarismo entre o PSD e o PS. Os dois grupos têm se alternado no poder de Portugal há décadas.
DISPUTA EQUILIBRADA. Com a menor abstenção desde 1995, a eleição foi acirrada até o fim. Apesar das primeiras pesquisas de boca de urna terem indicado a vitória da Aliança Democrática, o Partido Socialista manteve a expectativa de vencer o pleito até o fim da noite, quando Pedro Nuno Santos reconheceu a derrota. “Seremos oposição”, disse.
Luís Montenegro afirmou esperar que os socialistas “respeitem a vontade do povo” e permitam a formação do governo da Aliança Democrática. “O que se pede ao PS não é que adira às nossas propostas, é que se respeite a vontade do povo”, disse.
ELEIÇÃO ANTECIPADA. Prevista para acontecer apenas em 2026, a eleição foi antecipada por causa da renúncia do premiê socialista António Costa, após ter o nome citado em uma investigação de corrupção em negócios do setor energético. A saída surpreendeu os próprios partidos, uma vez que o PS tinha 120 das 230 cadeiras parlamentares, mais do que o suficiente para conseguir governar. •
Fonte: O Estado de S. Paulo

