Por Mariana Ribeiro e Julia Lewgoy, Valor — São Paulo
28/06/2022 15h56 Atualizado há 18 horas
A popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL) está em recuperação e esse processo tende a continuar nos próximos meses, com reflexo sobre as pesquisas eleitorais, afirma Alexandre Marinis, analista político e sócio da Mosaico Economia Política. A consultoria trabalha com um cenário de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas com resultados mais apertados do que as pesquisas atualmente indicam.
“Do ponto de vista econômico, acho que isso é uma ótima notícia porque vai puxar os candidatos mais para o centro”, disse em evento de 25 anos do fundo Verde, promovido pela Verde Asset. Marinis afirma que, após as eleições atípicas de 2018, voltam a funcionar os modelos tradicionais, nos quais fatores como popularidade e avaliação de governo são decisivos para definir as chances de reeleição de um presidente.
Ele observa que, ao se olhar “o filme” das pesquisas, e não apenas “a foto”, é possível perceber a recuperação da popularidade de Bolsonaro. “Ele tende a se recuperar mais durante a campanha. Lembrando que seu principal adversário tem uma série de deficiências que não estão sendo exploradas e que vão ser ventiladas. Teremos talvez a campanha mais suja que já se viu.”
De acordo com ele, a queda do desemprego e o possível aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 são fatores que podem trabalhar a favor de Bolsonaro, enquanto a perda de renda da população e a inflação são os principais empecilhos para o seu crescimento nas pesquisas. Marinis observa ainda que o presidente vem reduzindo lentamente sua rejeição individual.
“Nós trabalhamos com um cenário de vitória do Lula, mas um cenário mais apertado do que as pesquisas mostram”, afirma. “A questão que fica é como o mercado, os candidatos e a terceira via vão se posicionar se a diferença entre eles começar a se estreitar, como esperamos que aconteça. Não é improvável que nas pesquisas espontâneas Bolsonaro chegue a empate técnico ou talvez fique até à frente nas pesquisas de alguns institutos.”
Na visão do analista, a vitória de Lula no primeiro turno só seria possível se houvesse uma desistência de Ciro Gomes (PDT). Pesquisa Datafolha mais recente mostra Lula com 47% das intenções totais de voto, desempenho que, na conta dos votos válidos, lhe garantiria vitória já no primeiro turno.
Do ponto de vista econômico, Marinis afirma “não ter dúvidas” de que o teto de gastos será revisto, seja qual for o candidato vencedor. “A questão é o que se coloca no lugar e acho que o PT entende que algo tem que ser colocado no lugar.”
Ele diz ainda que um dos fatores de “contenção” de um programa de Lula mais à esquerda seria o Congresso, que não tende a passar por uma grande renovação nessas eleições.
Fonte: Valor Econômico

