Os fundos de investimento encerraram julho com captação líquida de R$ 16,7 bilhões, um recuo de 53% em relação a junho e de mais de 80% em 12 meses. No acumulado do ano, o saldo é positivo em R$ 25,9 bilhões, muito abaixo, porém, dos cerca de R$ 275 bilhões que ingressaram na indústria em igual intervalo do ano passado. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
No mês passado, a captação foi impulsionada novamente pelos fundos de renda fixa, que têm a preferência do investidor em meio a taxas de juros altas, partindo dos 15% ao ano da Selic. A categoria registrou entradas líquidas de R$ 21,2 bilhões em julho, em comparação aos R$ 10,8 bilhões de junho.
“A decisão do Copom de manter a Selic em patamar elevado contribui para a continuidade de uma estratégia mais conservadora entre os investidores”, afirma Pedro Rudge, diretor da Anbima, em nota, acrescentando que tal dinâmica deve prosseguir no resto do ano.
Os fundos de duração livre com crédito — que podem alocar mais de 20% da carteira em títulos privados de médio e alto risco localmente ou no exterior — seguem concentrando os aportes, com ingressos de R$ 14,6 bilhões.
Na ponta negativa, os fundos de ações lideraram as retiradas no mês, com R$ 5 bilhões, o maior volume entre todas as categorias, tirando uma liderança que vinha sendo ocupada pelos multimercados. Em junho, tinham saído outros R$ 6 bilhões das carteiras dedicadas à bolsa.
Os multimercados, por sua vez, tiveram resgates líquidos de R$ 1,1 bilhão em julho, frente aos R$ 7,3 bilhões do mês anterior, com uma certa desaceleração no fluxo de saída. No acumulado do ano, as retiradas somam R$ 75,9 bilhões.
Nos fundos de ações, os do tipo livre — que não seguem uma estratégia específica — concentraram as saídas líquidas em julho (R$ 3,2 bilhões), enquanto no bloco dos multimercados, os do tipo macro lideraram os resgates, com saídas de R$ 1,8 bilhão
Entre os demais tipos, os fundos de recebíveis (FIDC) atraíram R$ 2,7 bilhões. Os portfólios que compram participações em empresas, por sua vez, registraram entradas líquidas de R$ 268,1 milhões, enquanto nos cambiais a captação líquida totalizou R$ 149,3 milhões. Os fundos de previdência tiveram saldo positivo de R$ 40,4 milhões, mas os ETFs (fundos de índice) resgates líquidos de R$ 1,5 bilhão.
Fonte: Valor Econômico