14 Feb 2023 CYNTHIA DECLOEDT
O BTG Pactual fechou o quarto trimestre de 2022 com lucro líquido de R$ 1,744 bilhão, 6% superior ao mesmo período do ano passado e 20,3% abaixo do resultado no terceiro trimestre de 2022. Em balanço, o banco informou que separou R$ 1,197 bilhão para cobrir possíveis perdas com “evento específico amplamente divulgado” – numa referência à crise financeira na Lojas Americanas, que está em recuperação judicial. Sem essa provisão, o lucro teria sido de R$ 2,34 bilhões.
“Fomos vítimas e afetados por fraude corporativa”, disse o CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, em conversa com analistas e acionistas na manhã de ontem sobre o resultado. Sem citar o nome da empresa, ele admitiu que a exposição a Americanas estava baseada na força financeira dos acionistas controladores – o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
O banco apareceu como um dos maiores credores da varejista no processo de recuperação judicial, com créditos de R$ 3,5 bilhões. Mas o BTG afirma que sua exposição caiu para R$ 1,9 bilhão após obter liminar favorável
“Fomos vítimas e afetados por fraude corporativa” Roberto Sallouti CEO do BTG Pactual, durante reunião com analistas de mercado
na Justiça do Rio de Janeiro para compensar R$ 1,2 bilhão que havia retido antes de a empresa entrar com pedido de recuperação judicial. Além disso, outros R$ 400 milhões estão cobertos por contratos de resseguro.
Em um documento judicial ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso no início deste mês, a Americanas acusou o BTG Pactual de “participação, conivência e culpa” na crise por, supostamente, não ter visto nos balanços anteriores da varejista indícios de irregularidade. O banco rebateu a acusação e afirmou que “não compactua com manobras contábeis que possam distorcer informações financeiras de quaisquer companhias com que possui relacionamento” e que “tem a firme convicção da legalidade de suas práticas e não se furtará a fazer valer todos os seus direitos neste caso”.
Outros bancos brasileiros já separaram R$ 9,3 bilhões para lidar com eventuais perdas com empréstimos para a Americanas. Entre os maiores credores da companhia, os recursos reservados para perdas variam de 30% dos créditos, caso do Santander, a 100%, caso de Itaú e Bradesco. •
Fonte: O Estado de S. Paulo