Nem mesmo o tom mais duro do Comitê de Política Monetária (Copom) na decisão de quarta-feira (10) foi capaz de jogar água no chope das previsões otimistas para a Selic em 2026 — e Bruno Serra, responsável pela família de fundos Janeiro, da Itaú Asset, está nesse time.
O gestor avaliou o comunicado do Copom, que trouxe a manutenção dos juros em 15%, como mais hawkish (favorável ao aperto monetário) do que o previsto, mas destacou que as condições já estão dadas para o início da redução da taxa básica em janeiro de 2026.
O cenário traçado pelo time do Itaú Janeiro prevê um corte inicial de 25 pontos-base (pb) , seguido por reduções mais agressivas — de 75 pb ou mais — a partir de março.
Segundo Serra, essa estratégia deve garantir maior confiança e longevidade ao ciclo de flexibilização monetária.
O que esperar para a Selic em 2026
A expectativa de Serra é de que a Selic encerre 2026 em torno de 11%, mas o gestor não descarta um cenário ainda mais favorável.
Segundo ele, caso haja uma mudança na política fiscal que ajude a ancorar expectativas e conter a demanda agregada, o Banco Central poderia levar a taxa até 8% ou 8,5%, entrando em território considerado neutro.
“Podemos ficar tranquilos de que o trabalho para domar a inflação será feito. Apesar da cautela em postergar o processo, isso dará mais confiança e longevidade ao ciclo de corte de juros”, afirmou o ex-diretor do Banco Central.
Estados Unidos: Fed em compasso de espera
No cenário internacional, o Federal Reserve (Fed) decidiu cortar os juros em 25 pontos-base, em votação dividida, também sem surpresas. O presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, afirmou que agora a autoridade monetária entra em uma espécie de “compasso de espera”.
Serra destacou a resiliência da economia dos EUA, que se manteve firme mesmo após choques recentes no consumo, e da política de imigração do governo Trump, que resultou na deportação de centenas de milhares de pessoas.
“Se eu estivesse na reunião do Fed, teria votado contra o corte nas taxas de juros”, disse.
Com a inflação norte-americana em 3% na última leitura, acima da meta de 2% do Fed, Serra avaliou que a decisão do BC dos EUA abre espaço para maior apetite por risco e valorização das moedas emergentes.
“O primeiro semestre do ano que vem será um período muito bom para tomar risco”, afirmou o gestor.
Esse ambiente mais flexível reforça ativos de risco, especialmente os mais sensíveis ao ciclo de juros, e favorece um enfraquecimento adicional do dólar em nível global.
Segundo Serra, “se a tendência de dólar fraco se mantiver, o real pode continuar a se valorizar na margem”.
Fonte: Seu Dinheiro

