Os ativos de mercados emergentes parecem prontos para gerar retornos de “vários por cento” este ano, devido às expectativas de uma queda contínua do dólar, de acordo com o BofA Securities.
“Para o ano, podemos facilmente manter o retorno de dois dígitos e isso porque vemos o dólar como o impulsionador mais importante e prevemos uma estabilização do ‘long-end’ (taxas dos títulos do Tesouro americano de longo prazo) os EUA”, disse David Hauner, chefe de estratégia global de renda fixa para mercados emergentes da corretora americana.
O BofA Securities está otimista com as moedas e ações do Leste Europeu. Em renda fixa, o Brasil continua sendo sua principal escolha, já que as taxas de juros estão muito altas no país e os cortes nos juros podem começar até o final do ano, segundo Hauner.
O dólar está sendo negociado próximo das mínimas em dois anos. Bancos de Wall Street, incluindo o Morgan Stanley e o J.P. Morgan, esperam uma maior fraqueza da moeda americana devido a prováveis cortes nas taxas de juros, desaceleração do crescimento econômico e incerteza contínua nas políticas fiscal e comercial. Isso pode acelerar a rotatividade de fundos de ativos dos EUA para países em desenvolvimento.
“Em um contexto de enfraquecimento do dólar, a moeda que mais se valoriza entre as principais é o euro”, afirmou Hauner. Já o rali dos mercados emergentes deste ano foi sustentado por títulos em moeda local e ações. A dívida soberana local proporcionou aos investidores um retorno total médio de 5,7%, liderado pelo Brasil, onde uma corrida por operações de “carry” (ganhos com o diferencial de juros entre os países) impulsionou um ganho de 20%. Dez outros países geraram retornos de 10% ou mais.
As bolsas, por sua vez, encerraram sete anos de desempenho inferior ao do mercado dos EUA. O índice MSCI EM está superando o S&P 500 em mais de 7%, liderado pela China e pela Índia.
Apesar dos retornos positivos dos ativos de mercados emergentes neste ano, Hauner disse que o posicionamento dos investidores na classe de ativos permanece discreto — algo que pode mudar nos próximos meses.
“As pessoas precisarão ver alguns meses em que os mercados emergentes continuem surpreendendo positivamente, certo?”, disse Hauner. “As pessoas já se deram mal com ativos de mercados emergentes no passado e, você sabe, elas só precisam ficar mais confortáveis com o tempo”, acrescentou ele.
Fonte: Valor Econômico

