O Brasil deverá se beneficiar do fluxo de capital estrangeiro em 2026, com os recursos de investidores sendo realocados dos Estados Unidos para mercados emergentes, segundo o Bank of America (BofA). Apesar de ruídos com relação à eleição presidencial — principalmente seu impacto na política fiscal — as expectativas são positivas para emissões externas e fusões e aquisições (M&A), enquanto as ofertas de ações devem continuar enfrentando um contexto mais desafiador.
“Estamos muito construtivos com Brasil, apesar de ruídos recentes, por uma série de razões: existe uma tendência global de alocação em mercados emergentes e o Brasil vai pegar esse fluxo”, disse o correspsonsável pelo banco de investimento do BofA no Brasil, Bruno Saraiva, em entrevista nesta quarta-feira. Ele observou que existe um questionamento do mercado em relação à situação fiscal no Brasil e essa vai ser a grande incógnita para 2026.
Hans Lin, corresponsável pelo banco de investimento do BofA, disse que em M&A existe um destaque para operações em infraestrutura, com o setor de tecnologia também com bom movimento. Já no mercado de renda variável as operações seguem mais aquecidas em blocos, no jargão conhecidos como “block trades”, movimento que tende a se manter em 2026, dada a volatilidade do mercado.
Ainda há muita dúvida em relação às ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) no mercado brasileiro, que já completou seu quarto ano sem nenhuma abertura de capital. Saraiva diz que há empresas brasileiras, especialmente de tecnologia e fintechs, se preparando e olhando para ofertas nos Estados Unidos, onde o mercado está aquecido para IPOs. O executivo acredita que, antes de uma abertura no mercado local para IPOs, as primeiras ofertas de brasileiras após a atual entressafra ocorram em bolsas americanas.
“O Fed começou a cortar juros e o investidor está mais disposto a tomar risco, por isso acreditamos que o mercado americano vai continuar pujante”, diz Lin. Nesse contexto, pode haver espaço para empresas brasileiras. O mercado para fintechs está muito aquecido nos EUA e o IPO recente da sueca Klarna foi mais um bom sinal. Entre os nomes citados pelos participantes do mercado, de brasileiras que podem se listar em Nova York, estão PicPay, Cloudwalk e Agibank.
Em IPOs locais, Saraiva diz que não está claro se haverá oferta em 2026, mas que, se vier, deve ser de setores mais defensivos, como energia, concessionárias de serviços públicos (utilities) e infraestrutura. “Não dá para determinar que vai ter janela [para IPO] ano que vem. Temos que ver como será o fluxo externo e se a queda de juros aqui vai trazer fluxo da renda fixa para a variável”, comentou Lin.
Enquanto isso, o volume de emissões no mercado externo deverá atingir em 2025 US$ 40 bilhões, segundo Caio de Luca Simões, responsável pela área de renda fixa do BofA.
Fonte: Valor Econômico


