Por Adriana Cotias, Valor — São Paulo
24/08/2022 11h24 Atualizado há 13 horas
A Brainvest Wealth Management anunciou Jan Karsten como CEO no Brasil. O executivo, que esteve no grupo de formação da GPS — primeira aquisição do grupo suíço Julius Baer no Brasil —, se integra como sócio da gestora de patrimônio que reúne cerca de US$ 3 bilhões.
A chegada de Karsten sucede a venda de fatia de 20% do capital da Brainvest para a americana Merchant Investment Management, no fim do ano passado, uma rede de gestão de fortunas com 55 gestoras independentes, responsáveis por US$ 150 bilhões.
Fernando Gelman, que era o CEO no Brasil, agora assume formalmente a posição de líder global, que já vinha acumulando.
“É como se voltasse no tempo e estivesse começando na GPS lá atrás, em 2011 era um negócio muito parecido”, diz Karsten ao Valor. “É uma empresa menor, mas, diferentemente da GPS, já é global e isso me chamou muito a atenção. Vi pouca gente no Brasil fazendo o internacional bem feito.”
Gelman vai se dedicar aos planos de expansão da Brainvest globalmente. Atualmente, a casa, que nasceu em Genebra, tem escritórios em São Paulo, Rio, Miami e Zurique. Já atua no México pela entrada de um time na Suíça, vindo do UBS, que tinha relacionamento com famílias do país, e mais recentemente adicionou o Peru ao seu mapa. A ambição é crescer na América Latina.
No Brasil, o plano é ser a terceira via de consolidação do setor, diz Alex Gorra, diretor de expansão, após um período em que as assessorias de investimentos, ligadas a distribuidores como XP e BTG, escalaram o atendimento para a alta renda.
“O crescimento vem muito em cima [do cliente] de banco, mas a expansão em clientes maiores em gestão de patrimônio veio para ficar”, diz Karsten. O foco da Brainvest é em famílias do topo da pirâmide. “Tem que ser agnóstico em relação ao banco com o qual o cliente trabalha, seja em investimentos, sucessão, toda a parte de planejamento financeiro, tem muita coisa para fazer na governança familiar.”
O seu foco estará na aproximação com fundadores de empresas de tecnologia, setor que proporcionou muita geração de riqueza nos últimos anos, turbinada pelos fundos de venture capital.
Karsten tem o diagnóstico de que estruturas muito grandes acabam dedicando menos tempo dos executivos seniores às famílias, as decisões ficam mais engessadas. O modelo da Brainvest é aquele em que a remuneração é paga pelo cliente, e toda a receita de rebate e outras comissões é revertida para o investidor.
A butique foi fundada em 2003 por Dany Roizman, primeiro como braço internacional da antiga Hedging Griffo. Quando o Credit Suisse fechou a aquisição da empresa no Brasil, o executivo ficou com a operação suíça.
Com a entrada da Merchant no capital, a Brainvest passou a integrar uma rede que reúne gestores acostumados ao universo dos líquidos, enquanto a casa pautou a sua trajetória nos alternativos, diz Gelman. “Private equity”, “private debt”, ativos imobiliários, “hedge funds” e “venture capital” têm sido o foco, principalmente oportunidades no exterior. O executivo diz que a associação trouxe vantagem competitiva para a Brainvest por ser a única estrangeira plugada à rede e com esse viés. “O modelo americano de gestão é dividido entre renda fixa e ações, os gestores não sabem bem o que podem oferecer de produtos fora disso.”
Fonte: Valor Econômico

