Por Victor Rezende, Valor — São Paulo
07/07/2023 10h55 Atualizado há 38 minutos
O processo de redução das expectativas de inflação, observado após o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter mantido a meta de inflação em 3%, se soma à queda da inflação corrente e à comunicação do Banco Central e permite que um ciclo de queda de juros tenha início em agosto, na próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. É o que apontam os economistas do Bradesco, que cortaram a projeção para a Selic no fim deste ano de 12,25% para 12%.
“O cenário mais positivo para a inflação acontece ao mesmo tempo em que mantemos nossas perspectivas de crescimento. Esse quadro favorece os ativos brasileiros e, por isso, esperamos que o câmbio permaneça em torno de R$ 4,80 nos próximos 18 meses”, apontam os profissionais do Bradesco em revisão de cenário. Eles notam que o crescimento da economia em um ambiente no qual os emergentes oferecem menor atratividade relativa; a redução do risco de solvência; e as reformas, que têm ganhado tração, “são fatores que contribuem para a valorização dos ativos brasileiros”.
“O real, por exemplo, apreciou quase 10% desde o fim do ano passado, enquanto a mediana das moedas de países similares ao Brasil ficou praticamente estável. Em nossas simulações, não há qualquer risco vindo do balanço de pagamentos no curto prazo. O déficit em transações correntes deve flutuar em torno de 2% do PIB entre 2023 e 2024, o que é facilmente financiado pelo fluxo de investimento estrangeiro direto. Por isso, entendemos que a moeda brasileira seguirá próxima de R$ 4,80 até o fim do ano que vem”, diz o Bradesco. O principal risco é externo, caso os juros sejam elevados muito mais que o previsto.
Os economistas do Bradesco esperam que a Selic fique em 9,75% no fim do ciclo de flexibilização, que se dará em 2024, o que representaria uma redução acumulada de 4 pontos percentuais na taxa de juros. “A cautela com o ponto terminal do próximo ano se justifica uma vez que os juros globais ainda estão em elevação, as expectativas de inflação seguem acima do centro da meta e a estimativa de juro neutro do Banco Central se elevou”, dizem os profissionais.
Para eles, caso o cenário externo se mostre mais positivo ou se houver apreciação adicional do real, “é possível testarmos níveis mais baixos de Selic ao longo do próximo ano, mas as indicações do colegiado do BC vão todas na direção de bastante parcimônia com o ciclo de corte de juros”.
Fonte: Valor Econômico

