10 Nov 2023 MATHEUS PIOVESANA
O Bradesco encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido recorrente de R$ 4,62 bilhões, resultado 11,5% menor do que o apurado no mesmo período de 2022; já em relação ao segundo trimestre deste ano, houve avanço 2,3%. O segundo maior banco privado do País mostrou no trimestre passado tendências mais estáveis em seus indicadores de inadimplência, que subiram de forma mais acelerada no último ano na comparação com seus principais concorrentes.
No entanto, o crescimento mais lento da carteira de crédito, fruto da estratégia de adotar maior seletividade nas concessões de financiamento, pressionou as suas margens, o que manteve a rentabilidade abaixo da média.
“O resultado do terceiro trimestre está em linha com as expectativas de uma recuperação gradual, mas abaixo dos patamares normalizados”, afirmou o diretor de Relações com Investidores e Controladoria do banco, Carlos Firetti, ao comentar os resultados.
AUMENTO GRADUAL. A carteira de crédito do Bradesco encerrou o trimestre passado em R$ 877,500 bilhões, ligeira queda de 0,1% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, mas em alta de 1% ante o trimestre anterior. Expansão que foi puxada pelas operações com pessoas físicas, que cresceram 2,3% no ano.
Segundo Firetti, o banco está gradualmente aumentando a concessão de crédito no segmento de varejo (pessoas físicas), mas esse aumento não tem sido suficiente para fazer com que a carteira volte a crescer. No segmento de pequenas e médias empresas, por exemplo, ele disse que a originação dos financiamentos ainda está abaixo do normal.
Nas operações com pessoa física, a inadimplência no fim de setembro era de 6,1% pelo critério de atrasos acima de 90 dias, em alta de 2,2 ponto porcentual em relação a 2022. O índice geral de inadimplência ficou em 6,1%, ante uma taxa de 5,9%, no fim de junho, e de 3,9% em 2022.
REDUÇÃO DE RISCOS. A combinação de inadimplência relativamente alta e a concessão mais criteriosa de novos financiamentos fez com que a margem do banco com clientes, que reflete o ganho em operações de crédito, recuasse 9,6% no comparativo anual, para R$ 15,83 bilhões. De acordo com o banco, o resultado “reflete o movimento de redução dos riscos da carteira, que leva a uma migração para produtos menos rentáveis”.
Nas operações de tesouraria, o banco voltou a mostrar resultados positivos após um ano, com ganho de R$ 23 milhões, ante perda de R$ 1,24 bilhão no mesmo período do ano passado. “A tesouraria voltou para o positivo e deve seguir a tendência nos próximos meses, com o movimento de reprecificação da carteira”, afirmou o diretor de Controladoria do banco.
Em meio a esses movimentos de ajuste, a rentabilidade do banco, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês), ficou em 11,3%, baixa de 1,7 ponto porcentual na comparação com um ano antes, mas uma alta de 0,2 ponto ante o segundo trimestre. O Bradesco encerrou o trimestre com R$ 1,931 trilhão em ativos totais – alta de 2,1%, no comparativo anual, e de 2,5% ante o trimestre anterior. O patrimônio líquido era de R$ 160,801 bilhões, alta de 2,5% em um ano.
Fonte: O Estado de S. Paulo

